São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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'É maquiavélico', diz Conceição Tavares

Economista faz críticas ao Plano FHC

DA SUCURSAL DO RIO

A economista Maria da Conceição Tavares qualificou o plano econômico em vigor desde ontem como "maquiavélico" e, tecnicamente, "imelhorável". Ela, que em 86 chorou em defesa do Plano Cruzado, disse que a equipe econômica elaborou o "anti-Cruzado" ou o "Cruzado dos ricos", impedindo que os pobres e a classe média baixa possam, sequer, saber a perda que tiveram nos salários.
A "engenhosidade" do plano, segundo a economista, está centrada em dois artigos: o primeiro, que instituiu a URV (Unidade Real de Valor) exclusivamente como padrão de valor monetário, e o 37º, que extinguiu o IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo). "O plano nos impôs uma perda cavalar que não tem como ser medida", afirmou.
O plano, na análise de Maria da Conceição, conseguiu colocar em vigor uma moeda que, de fato, não nasceu. "É uma realidade virtual", disse. Com o plano, a distribuição de renda brasileira "será consagrada como a pior do mundo".
Maria da Conceição avalia que esta semana será de uma "queda-de-braço" entre o Banco Central e o mercado financeiro. Na avaliação da economista, a MP 434, que dispõe sobre a URV e o Real, a nova moeda, deixa claro que o dia "D" para adoção da nova moeda será, no mínimo, de 45 dias –prazo para que as instituições financeiras se adaptem ao novo indexador.

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