São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Árbitros da Fifa acham que iniciativa dará certo

DA REPORTAGEM LOCAL

Os árbitros brasileiros que integram o quadro da Fifa estão otimistas com a perspectiva de que a campanha pelo jogo limpo torne a competição livre da violência, tanto dentro quanto fora de campo.
O carioca Cláudio Vinícius Cerdeira –um dos autores das denúncias de manipulação de resultados no Departamento de Árbitros da Federação de Futebol do Rio– afirmou que a campanha "é importante para que se encare o futebol como deve ser, ou seja, tratado como uma festa, com honestidade e acima de tudo com 'fair play'. O público que vai aos estádios não quer ver faltas nem pancadaria, mas o futebol como o maior lazer do mundo."
Cerdeira disse acreditar que na Copa deste ano o resultado da campanha pelo jogo limpo será mais significativo que em 1990. "Os árbitros serão orientados a aplicar as regras como são, expulsando de campo os jogadores desleais. Dentro desse espírito, os atletas estarão predispostos a jogar futebol", afirmou.
Para o gaúcho Renato Marsiglia, um dos dois árbitros brasileiros que estarão presentes ao Mundial, junto com o mineiro Márcio Rezende de Freitas, a campanha "incute na cabeça dos garotos uma mentalidade de desportividade". De acordo com ele, o resultado no futuro será o surgimento de "torcedores sadios e desprovidos de violência".
Na opinião de Marsiglia, a maior violência ligada atualmente ao futebol ocorre fora do campo. Segundo o árbitro, o alto grau de profissionalismo no futebol praticamente eliminou a violência entre os jogadores.
O ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho, primeiro brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo, em 82, destacou a disciplina como fator fundamental para o sucesso das pessoas, "não só na profissão como na vida".
"Sem disciplina, você não consegue nada. Uma equipe mais disciplinada sempre leva vantagem sobre a outra, mesmo que esta seja melhor tecnicamente", afirmou. "Como professor de Educação Física, e portanto também como educador, um dos temas que mais abordo com as minhas turmas é o da disciplina."
Arnaldo lembrou os interesses econômicos que envolvem a Copa do Mundo. "Atualmente, o lado econômico predomina. Os próprios jogadores têm muitos interesses publicitários, o que pode levá-los a cometer excessos durante as partidas. A campanha pelo 'fair play' é importante para lembrar aos atletas o aspecto esportivo do torneio."
Para o ex-árbitro, o concurso de redações da Folha ajudará a conscientizar os jovens brasileiros.

*Colaborou a Agência Folha.

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