São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Escola de Divinos fica no underground

ERIKA PALOMINO
DA REDAÇÃO

Foi uma experiência assistir ao desfile da marca Escola de Divinos, anteontem. O pequeno teatro no centro da cidade tinha o triplo da lotação. Muita gente ficou de fora e, quem conseguiu entrar não teve melhor sorte. Um atraso de uma hora e a ausência de qualquer tipo de refrigeração deixaram o público à beira da histeria.
O que se refletiu, infelizmente, na hora da entrada dos modelos no palco. No meio do desfile, o som pifou: as pessoas entravam sem música e, pior, na mesma rotação 12 prevista se tivesse música. A platéia, com muita gente "da noite", detonava um festival de "tá, meu bem?" e outros comentários vexatórios. Entrar em cena parecia pôr os modelos (não profissionais, apenas convidados), em pânico.
Toda essa situação criava um clima quase constrangedor, já que a marca Escola de Divinos -mais conhecida justamente entre clubbers, e pelos figurinos da peça "Macário"– procurava "homenagear o teatro" e imprimir uma abordagem teatral a suas peças.
Teatral foi mesmo, já que pouca coisa representava ali um conceito de coleção. As roupas beiravam a fantasia, disfarçadas de modernidade, com peças como corselets de ferro, muito metal, itens em prata tipo andróide, com direito a movimentos em câmera lenta imitando robôs, uma garota de patins e até um casaco de plástico transparente com ratos brancos presos nos bolsos, tentando sair, desesperados. Gaultier e Mugler de ontem.
Talvez em separado, e com o objetivo de serem apenas "modelões" para a noite, as roupas da Escola de Divinos funcionem. Como desfile e apresentação, a concepção foi equivocada. Melhor ficar mesmo, por enquanto, no underground. (Erika Palomino)

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