São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Tempos de URV; E o bicho continua; Agressividade e abraço; O eleitor agradece; Cinco atacantes

Tempos de URV
"Estranha a atitude de greve do sindicalista Luiz Antônio de Medeiros em relação ao Plano FHC. Por que não teve a mesma reação quando do Plano Collor? Seria devido à sua ligação com o Magri? Parece mais uma atitude de um iniciante na carreira política."
Luiz Henrique Moura de Souza (Rio de Janeiro, RJ)

"Mal a URV foi anunciada, já se manifestam promovendo greves e outros protestos. Até parece que foi dada uma largada para políticos tirarem as melhores vantagens eleitoreiras."
Gijo Kikuti, seguem-se mais seis assinaturas (São Paulo, SP)

"Greves não levam o país a nada."
Ricardo Arena Junior (São Paulo, SP)

"Janio de Freitas está certo: a adoção do real vem no final de março. O cronograma do projeto eleitoral está ajustado ao cronograma econômico."
Antonio Barretto dos Santos (Rio de Janeiro, RJ)

"É revoltante vermos estampada na Primeira Página de 1/03 a foto do ministro FHC, que se diz sociólogo e conhecedor do sofrimento do povo, com aquele lauto café-da-manhã, enquanto a população em sua grande maioria nem sequer tem dinheiro para um cafezinho. Não precisamos no momento da ostentação do sr. ministro."
Fernando Sérgio Leão Castilho (São Paulo, SP)

"Parece que brasileiro terá que passar por mais um arrocho salarial. Embora o governo diga que não, converter os salários pela média dos últimos quatro meses e deixar para livre negociação preços, aluguéis e outros contratos terá um efeito prático de concentração de renda, transferindo mais um pouco dos parcos rendimentos do assalariado (o povão) para as elites."
Sérgio R. de Niemeyer Salles (São Paulo, SP)

"Com a URV não existe motivo para um abusivo aumento de preços. Caso ocorra, só confirmará minha teoria de que muitos empresários aumentam seus preços única e exclusivamente com base na sua índole, a desonestidade."
Josimar Lopes (São Paulo, SP)

E o bicho continua
"Com o título 'E o bicho continua', a Folha do dia 18/02 publicou editorial contendo observações sobre o Carnaval do Rio e sua relação com os bicheiros, bem como afirmando ser 'notórias suas ligações com a violência e, suspeita-se, com o narcotráfico'. Menciona ainda tal artigo o fato de estar sendo eu acusado de assassinato e finaliza incitando à sociedade: 'É preciso assim buscar saídas corajosas e eficientes. Merece ser debatida, por exemplo, a legalização do bicho, medida que permitiria regularizar esse jogo, tributando-o e desvinculando-o da criminalidade'. Vivi na contravenção grande parte de minha vida sem entender bem por que uma atividade tão normal do ser humano –o desejo de jogar– possa ser considerada crime (ou quase crime, contravenção). Recebi em decorrência desta minha atividade várias penas. Coloco-me à disposição da sociedade para a realização de amplo debate público sobre a legalização do jogo do bicho e a privatização geral de todo o jogo no país. Acredito mesmo que a Folha bem que poderia organizar tal debate. Cabe-me ainda esclarecer sobre observação do artigo que alia jogo do bicho ao narcotráfico. Rechaço com energia tal observação. Nos 50 anos da lei nº 6.259 (de 10/02/1944, a lei que pune o jogo do bicho), jamais batida alguma em chalé do bicho ou em qualquer outro ponto onde se realiza a aposta, a coleta, centraliza-se o jogo etc. as autoridades se depararam com um grama sequer de qualquer tóxico. Há, isto sim, posso garantir, um código de conduta de todos os bicheiros execrando o seu uso, sua posse e seu tráfico. A mim querem imputar crimes que não cometi. Bastou-me a contravenção e desta já me cansei."
Ivo Noal (São Paulo, SP)

Agressividade e abraço
"Dei entrevista a um repórter da Folha a respeito da criança violenta. Dia 28/02, ao ler a matéria, deparei com uma frase atribuída a mim, citada entre aspas, como se as palavras fossem literais: 'Agressividade se resolve com abraço', diz a psicóloga. Não me reconheço nessas palavras, que traduzem uma idéia de Jesus Cristo, não minha. Talvez eu não tenha sido clara, quando afirmei que a violência de uma criança não deve ser revidada com mais violência, mas deve receber dos adultos uma resposta firme e serena, que dê contenção à agressividade infantil. Lembro-me de ter mencionado a importância do abraço em outro contexto, quando me referi aos medos noturnos de uma criança pequena."
Lidia Rosenberg Aratangy, psicóloga (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Mauricio Stycer – A psicóloga disse a frase citada duas vezes, enfatizando-a com gestos (chegou a se auto-abraçar para demonstrar o que queria dizer). Foi claríssima.

O eleitor agradece
"Quero manifestar meu contentamento com a possibilidade do nome de Michel Temer ser indicado, pela convenção do PMDB, como candidato ao governo do Estado. Trata-se de um político honrado, honesto e capaz, a exemplo do candidato do PSDB Mario Covas. Parabéns aos dois partidos"
William Grapella (São Paulo, SP)

Cinco atacantes
"Em primeiro lugar, gostaria de fazer uma dupla análise da 'teoria dos cinco atacantes', a qual Matinas Suzuki Jr. vem defendendo, argumentando brilhantemente. Coloco em dúvida a capacidade defensiva de um time com Edmundo, Bebeto, Romário, Dener e Muller. Sou um defensor do futebol ofensivo, mas penso que a escalação de cinco jogadores sem o menor sentido de marcação pode ser arriscado. Faltaria nesse ataque algum jogador que, além de grande potencial em termos ofensivos, saiba combater no meio-campo, recuando quando da posse de bola da equipe adversária. Sem dúvida, a escalação de Rivaldo no lugar de Muller solucionaria grande parte das críticas feitas à sua escalação. Em segundo lugar, ressalto alguns desagrados ao leitor. Dia 24/02, a matéria da Folha sobre a vitória do Corinthians sobre o Santo André foi totalmente contra o que o leitor espera de um caderno de esportes. Passamos a semana lendo sobre discussões táticas, estilos das comemorações do Viola, enfim, tudo o que se passa em torno do jogo. E quando este acontece, o que se lê é uma simples 'notinha', sem nenhuma descrição ou análise do jogo."
Fernando Frochtengarten (São Paulo, SP)

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