São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Cidade gasta US$ 245 mil em 3 concertos

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois despachos publicados no Diário Oficial do Município de São Paulo no dia 26 de fevereiro, assinados pelo secretário municipal de Cultura, Rodolfo Konder, 56, autorizaram a liberação de CR$ 153.785.313,86 –cerca de US$ 245 mil– para "a locação de serviços profissionais de natureza artística" de 3 cantores e um maestro. Só a produtora Praça das Artes recebeu US$ 104 mil dólares para trazer Isaac Karabtchvesky. O salário médio dos músicos da OSM em fevereiro é US$ 350. A despesa do município com a contratação do maestro seria suficiente para manter um músico da orquestra por 24 anos e meio.
Peter Mikulas, Herbert Lippert e Ulrike Sonntag apresentaram-se com a OSM, regida por Karabtchvesky, nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro. O maestro, regente da Orquestra Sinfônica Brasileira, trabalha atualmente em Viena, para onde viajou no domingo, dia 27. Ele deverá ser o próximo regente da OSM. Dos 110 integrantes da orquestra, 40 são contratados mensalmente, embora a Lei Municipal nº 11.231, de julho de 1992, estipule que o quadro fixo da OSM é de 121 músicos.
Konder diz que "os músicos ganham mal e sou o primeiro a admitir isso", mas acha que comparar os salários dos músicos, "definidos por lei", com o cachê dos cantores e do regente, regidos pelo mercado, "é comparar bananas com peras". A despesa da secretaria paga o cachê dos artistas, impostos, taxas, passagens, despesas com hospedagem e o lucro das produtoras que intermediaram os contratos. Segundo o secretário, tratando do caso do regente, "se deixarmos de pagar, simplesmente não teremos um bom maestro".
Os músicos da OSM, assim como todos os membros dos corpos estáveis do município (além da orquestra, dois corais e uma companhia de balé), têm seu salário composto por uma parte fixa, que em fevereiro foi de CR$ 183 mil, adicionais por tempo de serviço e por cada apresentação da orquestra. Há um adicional por função artística (AFA), criado na gestão passada, mas que não tem sido pago.
Os músicos reivindicaram junto a prefeitura, em uma reunião com a presença do prefeito, isonomia em relação ao funcionalismo público municipal em relação à questão das diferenças porcentuais entre cada categoria funcional. Segundo José Angelino Bozzini, 36, que toca trompa na OSM há 12 anos e dirige a associação dos músicos, a isonomia e o AFA deixariam o salário médio próximo a US$ 900. Konder diz que o AFA será pago no próximo salário e que o prefeito "concordou em mandar para a Câmara um projeto resolvendo a questão da isonomia".

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