São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Caem preços do milho, óleo de soja e arroz

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na boca da safra, as commmodities estão perdendo o fôlego. Em 30 dias o preço do arroz recebido pelo produtor recuou 6%, o do milho 3% e o óleo de soja bruto, 5%. A tendência é de as cotações dos grãos continuarem em queda na medida em que a colheita avança.
"A safra vai jogar contra a alta dos índices de preços" diz o diretor da Fipe, o economista Guilherme Leite Dias da Silva. Segundo ele, há dois fatores agindo em sentidos opostos e que podem ter reflexos nos índices de inflação.
Para o economista, aí está o nó da questão. Segundo ele, ninguém está convencido de que não vai ter tabelamento na passagem para a nova moeda. Por isso, atacadistas e varejistas, que vão ter de submeter à fiscalização, tentam proteger suas margens de lucro agora. Os agricultores estão desovando o produto para cobrir as despesas da safra.
Já na pecuária de corte, segmento mais capitalizado do que a agricultura, a alta especulativa dos preços está ocorrendo no campo. Tanto é que o preço da arroba do boi gordo subiu 50% em 30 dias no interior de São Paulo. Somente na última semana, que antecedeu o anúncio do plano econômico, a alta acumulada foi de 25%. Ontem, a cotação girava em torno de CR$ 18 mil, segundo pesquisa da consultoria Safras e Mercados. A queda no consumo conteve a subida no varejo. No açougue, a carne de segunda ficou 45% mais cara no mesmo período e a de primeira, 41%, informa o Sindicato dos Varejistas de Carnes Frescas do Estado de São Paulo.
Na última semana, os alimentos "in natura" voltaram a pressionar o índice de inflação da Fipe. Entre os que mais suburam estão o feijão, a batata, a cebola e a carne. A quebra da safra de feijão de Irecê, na Bahia, continua atrapalhando o abastecimento. O preço deve continuar em alta até abril quando entra no mercado a nova colheita. A cebola e a batata devem continuar pressionando o índice na próxima semana. Devido às fortes chuvas, a qualidade piorou, a oferta caiu e o preço subiu. No atacado de São Paulo, a batata registrou alta de 12% nos três primeiros dias deste mês; na cebola o acréscimo foi de 2%.

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