São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Xeque egípcio será réu em novo julgamento

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

O término do julgamento do atentado no World Trade Center não encerra a luta travada em Nova York contra fundamentalistas islâmicos acusados de terrorismo. A partir de setembro deste ano, 15 homens liderados pelo xeque Abdel Rahman ocuparão o banco dos réus. A acusação: um complô para bombardear pontos-chave da cidade, como o túnel Lincoln (que liga Nova York a Nova Jersey) e a sede da ONU e cometer uma série de assassinatos.
Ontem, o FBI e a Promotoria Federal expressavam otimismo de que o veredicto do caso do WTC estabeleça um precedente a ser repetido no julgamento desta segunda suposta conspiração. Um dos acusados, o egípcio Mohammed Abouhalima, é irmão de Mahmud Abouhalima, um dos condenados pela explosão do WTC.
O xeque Rahman, que é cego, é o mais conhecido suposto terrorista a ocupar uma cela nova-iorquina. Acusado de envolvimento no atentado que matou o então presidente egípcio, Anuar Sadat, em 1981, Rahman mudou-se para os Estados Unidos em 1990. Embora já tenha havido questionamentos até no Congresso norte-americano, nunca foi suficientemente explicado como um suposto líder terrorista conseguiu um visto para entrar nos Estados Unidos.
A organização liderada pelo xeque, Al Jihad, levantava fundos junto a países árabes ricos, como os Emirados e a Arábia Saudita, para financiar a guerrilha muçulmana (e anti-soviética) do Afeganistão, onde foram formados militantes extremistas atualemente espalhados pela Europa, Oriente Médio e Estados Unidos.
Alguns dos atentados terroristas mais importantes da suposta conspiração que Rahman é acusado de liderar estariam planejados para 4 de julho, data em que se comemora a Independência dos EUA.
O Departamento de Estado alertou os cidadãos norte-americanos em viagem ao Egito para a possibilidade de atentados como reação ao resultado do julgamento. (FG)

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