São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994 |
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Inimigos dos olhos atacam nos locais de trabalho
JAIRO BOUER
A córnea (parte mais externa do olho) é o local mais frequente das lesões. Pode ser perfurada por fagulhas de metal, farpas de madeira e outros pequenos corpos estranhos que escapam das máquinas. A radiação ultravioleta liberada pelas soldas elétricas também provoca uma irritação na córnea (ceratite fotoelétrica). A pessoa sente dor nos olhos, aversão à luz e lacrimejamento. Os sintomas podem aparecer algumas horas depois do término da jornada de trabalho. Produtos químicos usados no setor de limpeza e na indústria (soda cáustica, amônia, ácidos) também podem "queimar" a porção mais externa do olho. Os vapores ou o contato direto causam as alterações. Sérgio Luiz Ferreira Agria, oftalmologista do Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (CRST), explica que esses casos são mais comuns nas indústrias de pequeno e médio porte que não investem na educação e na proteção eficaz do trabalhador. As lesões são, em geral, reversíveis. O maior problema acontece quando a área afetada está sobre a pupila. O cristalino (espécie de lente natural do olho) é outro alvo. Radiações infravermelhas acompanhadas de calor alteram as proteínas dessa lente tornando-a opaca à passagem de luz (catarata). Operários que trabalham em altos-fornos estão sujeitos a esse efeito. A agressão ocorre porque o olho tem uma baixa capacidade de eliminar a energia térmica gerada pela absorção da luz. A solução para a catarata é a cirurgia. A parte mais interna do olho (nervo ótico e retina) está na mira de outros produtos químicos (principalmente solventes orgânicos) que alteram o funcionamento das células nervosas. Agria lembra que as lesões nas estruturas nervosas são irreversíveis. Como a ação é lenta, os trabalhadores só sentem os efeitos muitos anos depois. O metanol (presente na concentração de 5% no álcool combustível) é o mais tóxico de todos os solventes orgânicos. Tem uma atividade específica no nervo ótico e pode causar cegueira total. As principais vítimas são os frentistas. Lentes de contato usadas em ambientes com condições desfavoráveis podem prejudicar a córnea. Ar-condicionado, fumaça e luz fria ressecam e irritam o olho, tornando a lente uma agressora. Desconforto visual, coceira e "vermelhidão" são sinais de que a lente deve ser retirada temporariamente. Alguns colírios comuns e os que reproduzem a ação da lágrima humana aliviam o desconforto. Texto Anterior: Presidiários precisam de 600 mil camisinhas Próximo Texto: Computadores podem gerar fadiga visual Índice |
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