São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
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Produção de roupas aumenta até 35%

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta de artigos para as estações mais frias do ano vai ser até 35% maior que a do ano passado. As confecções acreditam em duas coisas: o frio será mais intenso e o consumo crescerá por causa do aumento do poder de compra da população com o sucesso do programa econômico do governo.
A Confecções Camelo, especializada em roupas masculinas, decidiu aumentar 35% a produção de ternos, calças e blazers de lã. A empresa acredita nesses cenários, mas também admite que está consertando os erros de 1993, quando superestimou a recessão.
"A demanda no ano passado foi grande. Se tivéssemos produzido mais, teríamos vendido tudo", diz Adriana Camelo, gerente de marketing. Essa estratégia é comum para a maioria das empresas do setor. A Bandagen Confecções, também fabricante de roupas para homens, traçou planos de produzir 30% mais para chegar a um total de 60 mil peças. Neste caso, a confecção joga com o êxito do Plano FHC. "Acreditamos que a inflação vai baixar e as vendas vão aumentar 20%", afirma Angelo Ferrari, sócio-diretor.
A Luigi Bertolli, confecção de roupas femininas, projeta fabricar 25% mais para aproveitar a tendência do consumidor, que está cada vez mais à procura das lojas de fábrica. "Vamos produzir mais para atender esse público. As vendas nesse tipo de loja estão indo muito bem", afirma Carlos Vian, diretor.
A Cotton Loom, especializada em camisas sociais masculinas, programa produção 17% maior, mas não aposta só no mercado interno. Marcelo Escobar, diretor, tem planos de exportar: "Com custo mais baixo estou pronto para entrar no mercado internacional."
A Mecanótica, que comercializa a marca Oakley, especializada na linha surfwear, programou aumento de 10% no volume de artigos fabricados para o inverno. Serão 12 mil peças ao mês. "Seria o volume que venderíamos no ano passado se não fôssemos tão cautelosos", diz José de Anchieta Toschi, gerente industrial.
Benetton corta custos
A Benetton estabeleceu o aumento da sua linha de produção, como todas as outras empresas, mas com objetivos mercadológicos bem mais definidos. Quer fazer mais para cobrar menos do consumidor. Seu objetivo é o de reduzir em até 25%, em dólar, o preço da sua coleção de inverno. Administrada pela Superpac, holding que controla o Banco Pactual, a empresa está colocando em prática uma série de ações para cortar custos.
"Vamos aumentar 30% a produção para ganhar na escala", afirma Jorge Luiz Calmon, diretor comercial. "O mercado de confecção está em crise há anos. Os guarda-roupas estão vazios. Uma hora o consumidor vai voltar a gastar."
A Benetton, conta Calmon, produz 2 milhões de peças por ano, o suficiente para abastecer as 160 lojas franqueadas espalhadas no país. Em três anos, a Benetton pretende expandir sua rede de franquia para 400 ou 500 lojas no Brasil. A Benetton está até procurando local para instalação de uma segunda fábrica no país –a sua unidade fabril funciona em Fortaleza (CE). Deve ser instalada no eixo Rio-São Paulo para abastecer essas novas lojas. (FF)

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