São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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PFL decide mudar estratégia de alianças

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PFL decidiu ontem, em almoço na casa do líder do partido no Senado, Marco Maciel (PE), mudar sua estratégia de aproximação com o PSDB: antes de discutir a aliança eleitoral com os tucanos, os pefelistas ameaçam lançar a candidatura do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, e até mesmo fechar aliança com o PPR do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
"Temos uma estrutura partidária sólida em todo o país e é hora de os outros partidos dizerem se querem ou não o nosso apoio", disse um dos participantes da reunião, o ex-presidente do PFL Hugo Napoleão, senador pelo Piauí. "E, caso não haja alianças, temos um candidato capaz de vencer as eleições; chama-se ACM".
O presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), que também esteve na reunião, foi mais explícito: "O PFL é forte o suficiente para não precisar posar de oferecido. Queremos o PSDB, mas antes o PSDB tem que notar que também precisa do PFL."
O atual presidente do partido, Jorge Bornhausen, comunicou que amanhã irá se encontrar com Maluf para discutir a possibilidade de aliança com o PPR. A idéia é mostrar ao PSDB que, se não houver aliança com os tucanos, o PFL pode fortalecer a campanha de Maluf. Segundo Bornhausen, no dia 25 deste mês ele deverá concluir o levantamento sobre o interesse da base do PFL nos Estados em relação às alianças.
Na verdade a aliança com o PPR, com Maluf como candidato, não é vista com bons olhos justamente por ACM, que, segundo Bornhausen, é o "candidato natural" do PFL. Na parte reservada do encontro com Maluf, Bornhausen pretende saber do prefeito de São Paulo se ele vai mesmo se desincompatibilizar no dia 2 de abril para concorrer à Presidência. Vai informar ao prefeito das resistências no PFL à sua candidatura e saber se ele aceitaria também participar da aliança com o PSDB.
Também participaram do almoço o filho de ACM e líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), o senador Guilherme Palmeira (PFL-AL), o presidente do partido em São Paulo, Antonio Cabrera, e outro ex-presidente do partido, o deputado José Múcio (PFL-PE). A cúpula pefelista está irritada com as reações da ala esquerda do PSDB, contrária à aliança entre os dois partidos. Maciel argumenta que essas reações poderiam se transformar em "anticorpos que venham a impedir a aliança". Segundo Luís Eduardo Magalhães, cabe agora "ao PSDB resolver seus problemas internos, se quiser a aliança".

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