São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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Clinton nomeia novo assessor jurídico

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, nomeou ontem um dos mais experientes advogados de Washington, Lloyd Cutler, como assessor para assuntos legais da Casa Branca, para ajudá-lo a safar-se dos problemas provocados pelo caso Whitewater. Cutler, 76, já exerceu o mesmo cargo durante o governo Carter (1977-1981). Ele substitui Bernard Nussbaum, que renunciou no sábado.
O deputado James Quillen, do Partido Republicano (de oposição), decano da bancada do Estado do Tennessee na Câmara, pediu ontem a renúncia de Clinton por causa do escândalo. Foi a primeira vez que um parlamentar mencionou a possibilidade de o presidente ter de deixar o cargo por causa do caso Whitewater, que envolve possíveis ilegalidades em operações financeiras feitas pelos Clinton nos anos 80, quando ele era governador de Arkansas (sudoeste).
Pesquisa de opinião pública da rede de TV ABC mostra que 36% dos entrevistados acreditam que Bill e Hillary Clinton cometeram alguma atividade ilegal relacionada com Whitewater e que 49% acham que o assunto é sério. São os números mais altos de desconfinaça em relação ao casal Clinton nesse caso desde que o assunto começou a ser discutido, em 1993.
A Comissão de Assuntos Bancários da Câmara anunciou que vai intimar 40 pessoas, inclusive os mais importantes assessores do presidente e da primeira-dama, para deporem sobre o caso Whitewater em audiência pública no dia 24 de março. O procurador especial que investiga o caso, Robert Fiske, é contrário à formação de comissões parlamentares de inquérito sobre o assunto. Argumenta que numa CPI os depoentes poderiam obter imunidade em troca de seus testemunhos, o que prejudicaria suas próprias investigações. Mas o Partido Republicano diz que vai constituí-las de qualquer forma.
Na Casa Branca, pilhas de lixo se acumulavam ontem pelos corredores. Eram documentos, papéis de mensagens telefônicas, blocos de anotações que deixaram de ser jogados fora devido à intimação de Fiske, que proibiu a destruição de qualquer registro referente ao caso Whitewater. Seis dos assessores mais próximos de Clinton vão depor amanhã sobre o caso.
Em entrevista coletiva que durou 45 minutos, logo após ter apresentado a jornalistas o seu novo assessor, Clinton se mostrou mais uma vez na defensiva em relação ao caso, apesar de tentar aparentar descontração. Repetiu mais de dez vezes que ele e Hillary não fizeram nem vão fazer nada de errado e vão cooperar por completo com as investigações de Fiske.

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