São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Itamar pensa em Osiris para lugar de FHC

GILBERTO DIMENSTEIN; INÁCIO MUZZI
DO PAINEL, EM BRASILIA

Itamar pensa em Osiris para lugar de FHC
Inconformado com o aumento de preços, o presidente Itamar Franco deixou vazar, em tom de ameaça, que, devido à sua irritação, estaria até disposto a colocar o secretário da Receita Federal, Osiris Lopes Filho, atual secretário da Receita Federal, no posto de ministro da Fazenda, como substituto de Fernando Henrique Cardoso.
Este é mais um dos ingredientes de preocupação de Fernando Henrique e de seus assessores econômicos. O ministro teme que, ao sair candidato, voltem a ganhar força as pressões para um controle artificial de preços, o que, segundo ele, comprometeria o sucesso do plano.
Nos seus desabafos, Itamar chega a imaginar como solução ideal a prisão de empresários por "abuso econômico". Ele diz que os empresários responsáveis pelos aumentos não são "patriotas" e estão se aproveitando da "miséria do povo". Afirma suspeitar que, nesse caso, não adianta conversa.
Osiris chegou a comentar que uma pressão contra os empresários teria eficácia e, em conversa com o deputado José Aníbal (PSDB-SP), disse: "Vocês me dão o nome e eu vou lá e mordo".
A idéia de Fernando Henrique Cardoso é fazer seu sucessor para que dê andamento ao plano, o qual ainda terá etapas decisivas pela frente como a criação da nova moeda. Desde o início, imaginou-se que a melhor solução seria indicar um político ligado ao PSDB e com trânsito entre os técnicos que administram o plano. Hoje, ganha corpo a idéia de indicar um técnico para suceder a Fernando Henrique.
A pressão em torno dos preços não parte apenas do presidente Itamar. Ele é estimulado por seus assessores mais próximos, entre os quais Mauro Durante, secretário-geral da Presidência, e Henrique Hargreaves, chefe do Gabienete Civil. Todos refletem o ambiente no Congresso e no PSDB.
O nome de Osiris jamais passou pela cabeça de Fernando Henrique como alternativa para substituí-lo. Inicialmente, o ministro pensou em indicar o nome de um político do seu partido que tivesse trânsito junto à equipe que o assessora.
Dois nomes despontaram: Tasso Jereissati, presidente do PSDB, e o deputado José Serra (PSDB-SP). Ambos participaram de toda a fase de elaboração do plano econômico. Dos dois, Tasso foi o que se mostrou mais disposto a assumir o cargo. Ele está, no entanto, preso a dificuldades eleitorais no Ceará. Em Recife, o secretário da Receita Federal, Osiris Lopes Filho, disse que sempre desejou ser secretário da Receita Federal. Ele afirmou que se fosse possível gostaria de permanecer no cargo até o final do ano. Mas, segundo ele, se for convidado para ser ministro da Fazenda e o convite for colocado como uma missão a ser cumprida, aceitaria. Ele disse que não foi sondado sobre o assunto.

Colaborou a Agência Folha, em Recife

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