São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Isabel troca cores por sabores no La Bottega

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na melhor tradição italiana –a dos pequenos e aconchegantes restaurantes de preços módicos tocados pela família– a paulistana Isabel Labate Rosso toca em São Paulo o La Bottega.
Diferente das osterias da Itália, esta começou como uma rotisserie de massas frescas de boa qualidade e imaginação, fornecidas para o público e para outros restaurantes. Sua proprietária, de 56 anos, é neta de italianos, foi artista plástica e nunca havia trabalhado nesta área. Três anos atrás, ela e o irmão, Vitor Labate, hoje retirado da sociedade, reuniram receitas familiares de massas para vender, sem perceber que precisariam de mesas para clientes interessados em comer ali mesmo. Hoje seu filho trabalha também com ela.
Durante o almoço, é possível ver –como na Itália– o marido de Isabel tirando os pedidos. Mas ele não faz parte da sociedade: arquiteto, o romano Edoardo Rosso, 64, é parte da mão-de-obra nos momentos de pico, como fazem filha e nora nos fins-de-semana.
Em meio a este envoltório familiar, come-se em instalações simples, mas asseadas no La Bottega. As mesas de fórmica ficam enfileiradas num corredor apertado em frente ao balcão. Mas a comida é delicada e preparada com cuidado.
Trata-se de uma combinação bem equilibrada entre serviço de rotisserie e de restaurante. Sobre o balcão ficam as massas ainda cruas para levar para casa; e ao seu lado, pratos prontos que podem tanto ser consumidos ali quanto encomendados para viagem: um ravioli ou um frango recheado e desossado, por exemplo. Tanto estes quanto várias entradas podem ser pagas por peso –e terminam sendo uma opção ainda mais barata aos pratos pedidos à la carte.
Antepastos tradicionais como sardella, caponata ou carpaccio podem ser acompanhados com a focaccia (um pão do sul da Itália). Entre as massas, há desde os simples fettuccini com molho tradicional de tomate ao belo casonsei (ravioli grande com recheio de mozzarela de búfala) com molho de tomate picado com manjericão. O taglierini ao pesto vem com nozes na própria massa; outro tem funghi na massa, servida com manteiga derretida.
Todos os dias há pratos especiais. Pode ser uma massa com camarões (pena que, há uma semana, os crustáceos estiveram muito cozidos). Como sobremesas, a boa pêra cozida no vinho com calda de laranja é melhor pedida que o tiramisú, exagerado no creme. Mais uma observação, ali é possível beber –em copo– os vinhos Grillet (branco ligeiramente frisante) e o San Giovese (tinto), ambos da República de San Marino.

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