São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Zizi aposta na qualidade e acerta de novo

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O palco coberto por areia, apenas com os instrumentos dispostos em suas extremidades, chega a intrigar, de início. Mas a aparente aridez visual de "Valsa Brasileira" –o novo show de Zizi Possi, em cartaz até domingo– se desfaz tão logo a música entra em cena. Os criativos arranjos e a bela voz da cantora transportam a platéia para o terreno da sensibilidade.
A amarração do roteiro revela um trabalho minucioso. As canções se ligam com muita intimidade, formando pequenas suítes, como a gingada junção dos sambas "Escurinho", "Escurinha" (ambos de Geraldo Pereira) e "O Samba e o Pandeiro" (Jackson do Pandeiro e Ivo Martins). Ou o saboroso tempero afro-cubano que une "Tanta Saudade" (Djavan e Chico Buarque) e "Bom Dia" (Swami Jr. e Paulo Freire).
A inusitada seleção dos instrumentos –clarinete, piano, teclados e percussão– é explorada em variadas combinações. Em vez de apenas acompanhar, eles dialogam com a voz da cantora, que a usa exatamente como um instrumento.
As interpretações de Zizi esbanjam originalidade, caso de "Meu Erro" (de Herbert Vianna), rock-balada transformado em uma delicada canção de amor. Até mesmo em canções que pareciam ter suas existências ligadas definitivamente a Gal Costa ("Barato Total") e Nana Caymmi ("Se Queres Saber"), Zizi imprime sua personalidade musical.
Não falta também a sublime "A Paz" (João Donato e Gil), que exprime em seu arranjo cheio de sutilezas a recente fase da cantora. Zizi Possi apostou de novo na qualidade e acertou em cheio.

Show: Valsa Brasileira
Cantora: Zizi Possi
Músicos: Benjamim Taubkin (piano e teclados), Jether Garotti (clarinete e teclados) e Guello (percussão)
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/864-8544, Pompéia, zona oeste)
Quando: hoje e sábado, às 21h; domingo, às 20h
Quanto: CR$ 5 mil e CR$ 2,5 mil (estudantes e comerciários)

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