São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Ministro teme enfrentar Quércia no 1º turno

SÔNIA MOSSRI; INÁCIO MUZZI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ministro teme enfrentar Quércia no 1.º turno
SÔNIA MOSSRI
O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, teme a disputa com Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo e um dos postulantes à candidatura peemedebista, no primeiro turno das eleições presidenciais. FHC avalia que a definição de Quércia como candidato do PMDB teria o poder de mobilizar a máquina do partido em todo o país, o que dificultaria o apoio de peemedebistas à chapa tucana. O ministro da Fazenda também considera que serão inevitáveis ataques quercistas à sua vida pessoal.
FHC acha fundamental ter dissidentes do PMDB para costurar uma base no Congresso. O uso da máquina quercista nos Estados atrapalharia o apoio de dissidentes do PMDB, como o deputado Antônio Britto, candidato ao governo do Rio Grande do Sul, o presidente do partido, deputado Luiz Henrique (SC) e até mesmo o líder do governo no Senado, Pedro Simon (RS). Por isso mesmo, FHC tenta obter um compromisso desses parlamentares em torno da sua candidatura.
O ministro da Fazenda tem manifestado a parlamentares do PSDB e assessores preocupação com a eventual campanha quercista no horário eleitoral gratuito na televisão e rádio. Em função do estilo agressivo do ex-governador de São Paulo, Fernando Henrique acredita que sua vida pessoal será vasculhada em busca de fatos que possam prejudicar sua imagem junto aos eleitores.
Até mesmo a provável aliança com PFL traria problemas no caso da candidatura Quércia ao Palácio do Planalto. O PSDB avalia que a composição com o PFL possibilitaria a Quércia ocupar espaço junto a segmentos de centro-esquerda, além de fornecer mais munição para os ataques do ex-governador de São Paulo durante o horário eleitoral gratuito.
Programa econômico
Segundo a Folha apurou, Quércia aposta que as denúncias de corrupção na sua gestão no governo de São Paulo (entre 1987 e 1991) que eventualmente sejam utilizadas no horário eleitoral não teriam grande repercussão. Por isso mesmo, ele avalia que levaria vantagem até mesmo em debates com FHC. Mais do que o PT, a assessoria direta do ministro da Fazenda não esconde a apreensão com o provável estrago de Quércia junto à campanha tucana.
Tanto no PSDB quanto no PFL, especialmente junto ao governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, existe ainda o temor de que o programa econômico se tranforme na grande bandeira da campanha quercista. A disparada de preços em cruzeiros reais e as dificuldades de aceitação do novo indexador, a URV (Unidade Real de Valor) já são consideradas munições para os possíveis ataques de Quércia.

Colaborou INÁCIO MUZZI, do Painel em Brasília

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