São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Justiça quebra sigilo de 25 no caso Engesa

DA FOLHA VALE

A promotora de Justiça Heloísa Maluf afirmou ontem que conseguiu a quebra do sigilo bancário de 25 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de corrupção ativa no processo falimentar da fabricante de armamentos Engesa. A promotora não quis revelar nomes para não atrapalhar o processo. "As pessoas não estão sabendo da quebra", disse. Elas podem estar envolvidas no pagamento de propinas ao ex-síndico da massa falida da empresa, Elizier Trindade, afastado do cargo porque recebeu cerca de a US$ 3,2 milhões da própria Engesa e de uma coligada sua, a Engesa Química.
As principais suspeitas de corrupção ativa caem, segundo Heloísa, sobre sócios e altos executivos do grupo de empresas coligadas –Engesa, Engesa Química, Engelétrica, Engexco– e também sobre a Imbel, empresa pública ligada ao Exército brasileiro. José Guilherme Whitaker Ribeiro, diretor da Engesa, disse que, quando Trindade recebeu o dinheiro (1991), a Engesa estava sob intervenção da Imbel. A Folha procurou o Coronel Lúcio de Souza Pereira, diretor da Imbel, em sua casa, mas seu filho disse que ele estava adoentado e não podia atender. O ex-presidente da Imbel José Gelázio Rocha, que estava no comanda da companhia em 91, disse que nunca a Engesa esteve sob intervenção da Imbel. A Folha apurou que outras empresas podem estar envolvidas.
Trindade recebeu os dinheiro em quatro cheques assinados por procuradores da Engesa e Imbel em 91, quando era comissário da concordata. Embora ainda não haja um processo criminal, Trindade pode enfrentar prisão administrativa devido aos indícios já existentes e ter de devolver o dinheiro recebido, segundo a promotora. Trindade afirmou em depoimento à Justiça que recebeu esse dinheiro como adiantamento de honorários.

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