São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Protagonismo dos leigos

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A expressão aparece em destaque no documento final de Santo Domingo e reafirma a palavra do santo padre João Paulo 2º, no discurso de abertura da 4ª Conferência Episcopal da América Latina, em 1992. O "Protagonismo dos leigos" é invocado no contexto da ação evangelizadora e na promoção humana. Diante dos desafios do Brasil de hoje, é necessário, com novo ardor, anunciar Jesus Cristo, sua vitória sobre o pecado e a morte.
Leigos são todos os discípulos de Cristo, unidos a ele pelo batismo que assumem, como membros do povo de Deus, o mandamento do amor a Deus e ao próximo, o exercício da cidadania do reino de Deus, dos deveres e direitos de membros da Igreja. Na origem do uso da palavra "leigo" está, portanto, a pertença à Igreja, ao povo (em grego, "laios") de Deus.
O protagonismo inclui a dupla significação de luta (agonia) e de primeira posição, na linha de frente (proto). Sintam-se, portanto, os cristãos, e entre eles os jovens, convocados para assumir na atual sociedade brasileira a missão que lhes compete no testemunho dos valores de Jesus Cristo, na luta (agonia) contra o pecado, a favor da vida e da esperança.
O primeiro campo onde este combate para o bem deve se dar é na recuperação moral pessoal, familiar e política.
O período da Quaresma nos convida a perceber melhor as dificuldades a superar. Está em curso um processo acelerado de degradação dos valores morais. A pessoa fica lesada em sua dignidade: exploração dos menores, aumento da prostituição, abuso sexual, uso de drogas, violência, assaltos e sequestros, descaso diante da miséria alheia. O elenco é tristemente conhecido. Daí a necessidade de uma tomada de consciência por parte dos cristãos, ao lado de tantas outras pessoas de boa vontade, para residir ao aliciamento do mal e dissolução dos costumes.
É a vez do protagonismo dos leigos, chamados a dar testemunho de sua fé em Cristo. Isto implica o esforço cotidiano, com a graça de Deus, para uma vida honesta e austera, no cumprimento dos deveres familiares e profissionais. Com o auxílio divino, serão possíveis, também, atos generosos de reconciliação familiar, dedicação às crianças, doentes e idosos, empenho em organizar a defesa e promoção da justiça social e da sociedade solidária que garanta a todos condições de convivência fraterna e vida digna.
O protagonismo dos leigos requer, no entanto, o recurso à oração, à leitura assídua da palavra de Deus, a participação na comunidade eclesial e a constante formação na fé. Neste sentido, saudamos, com alegria, a inauguração, há dois dias, 10 de março, com a presença do cardeal Eugênio Sales do "Centro Loyola de Fé e Cultura", ligado à Universidade Católica do Rio de Janeiro, com ciclos de palestras e cursos breves, coordenado por leigos para a sua formação.
No âmbito da Campanha da Fraternidade realiza-se, desde ontem, outro evento notável, em Brasília. Trata-se do encontro da Pastoral Familiar, em nível nacional, com amplo programa, para uma vivência maior dos valores cristãos em nossos lares. Como estes há, nesses últimos meses, outros sinais de esperança em todo o Brasil. São frutos de fé e amor dos cristãos leigos a Jesus Cristo.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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