São Paulo, domingo, 13 de março de 1994 |
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Desigualdade social é o maior desafio
NEWTON CARLOS
Aylwin, surpreendido ultimamente com feições tristes, até chorando, embaraçado com especulações financeiras que resultaram em perdas de mais de US$ 200 milhões para a estatal de cobre Codelco, confessou que "queria ter feito mais pelos 4 milhões ou 5 milhões de pobres chilenos" (população de 13,5 milhões) com existência constatada nas estatísticas oficiais. "O mercado costuma ser tremendamente cruel, favorecendo os mais poderosos e agravando a miséria dos mais pobres", disse a 8 de março, no Dia Internacional da Mulher. Ele manteve em seu quadriênio (1990 a 1994) os bons índices macroeconômicos produzidos pelo neoliberalismo pinochetista. Média de crescimento anual de 6,3%, inflação do ano passado abaixo dos 15% e gastos do governo sob controle. Mas alterou a política da ditadura de conta-gotas ("trickle-down") em compensações sociais. Entre 1990 e 1992, a partir da idéia de "crescimento com igualdade", lançada por Aylwin, o nível de pobreza caiu de 40% para 33% da população. O de pobreza extrema, de 14% para 9%. Os levantamentos são bienais. Frei, que se diz "presidente dos novos tempos", com mandato até o ano 2000, quer acelerar essas quedas. Mas terá oposição de direita muito forte no Congresso, o que significará exigências de maior flexibilidade na "política de consensos", criada por Aylwin como forma de ir adiante, e possivelmente em dificuldades para maiores aberturas sociais. Texto Anterior: Chile de hoje pode ser Brasil de amanhã Próximo Texto: Militares ainda detêm poder Índice |
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