São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994![]() |
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Cortes ameaçam luta contra Aids
AURELIANO BIANCARELLI
Até agora, o ministério não tem a contrapartida de US$ 90 milhões nem iniciou todos os programas prometidos ao Banco Mundial. Se o governo não cumprir sua parte, pagará juros por um empréstimo ao qual não terá acesso e o programa de Aids será paralisado. As consequências já foram contabilizadas pelo ministério: de 93 a 95, serão 85 mil novos casos da doença e 85 mil mortos pela Aids; despesas hospitalares consumirão US$ 875 milhões. "Se o programa não for colocado em prática, não posso responder pelo que ocorrerá com a epidemia no país", disse Lair Guerra de Macedo, responsável pelo programa de Aids do ministério. O Ministério da Fazenda informou que os cortes no orçamento atingiram todos os ministérios e que a escolha dos programas afetados coube a cada ministro. Segundo o ministro da Saúde, Henrique Santillo, os cortes prejudicarão todas as áreas. O orçamento, já reduzido, ainda não foi votado pelo Congresso. É possível que seja diminuído ainda mais. Já está faltando dinheiro para iniciar convênios em Aids assinados no ano passado com quatro Estados e nove municípios. Os convênios são "condições de efetividade" para que o empréstimo do Banco Mundial seja assinado. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo já foi informada que receberá metade dos US$ 6 milhões esperados para este ano. "Vamos ter de cortar ou readaptar drasticamente os programas", diz Elisabete Inglesi, da secretaria. O número de preservativos que serão distribuídos em 94 caiu de 14 milhões para 9,2 milhões. Segundo projeções de entidades norte-americanas, os cinco milhões de camisinhas a menos significarão 1.600 novos casos de Aids. Jane Galvão, coordenadora da Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), do Rio, disse que todo o programa nacional de Aids ficou voltado para a preparação do projeto do Banco Mundial durante mais de um ano. "Ficamos refém desse dinheiro. Se alguma coisa falhar, será a falência do programa nacional." Próximo Texto: Ficarão sem hospital 7 milhões, prevê ministério Índice |
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