São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994![]() |
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GM quer ultrapassar Volks em 95
ARTHUR PEREIRA FILHO
Folha - Como o sr. avalia o plano econômico do governo? Mark T. Hogan - Nós damos todo apoio ao plano econômico e confiamos em seu sucesso. É fundamental ancorar a moeda brasileira a uma moeda forte como o dólar. A idéia da URV é muito boa. É uma proposta inteligente de fazer a transição para uma moeda estável. Agora é importante que as grandes empresas desempenhem um papel de liderança e administrem seus custos para evitar que a inflação dispare. Folha - Como o sr. analisa a semana de lançamento do Corsa? O carro não é encontrado nas concessionárias e em algumas lojas de usados é vendido com até 47% de ágio. Isso preocupa a GM? Hogan - Há dois anos, quando começamos o projeto, não podíamos prever o sucesso que seria o lançamento do Corsa. Apesar de todos os esforços para aumentar a produção, nossa capacidade ainda é insuficiente para atender à demanda. Pedimos paciência ao consumidor. Não queremos que ele pague ágio. Nossa produção este ano será de 80 mil unidades. Para atender ao mercado precisaríamos fabricar 150 mil carros. O ano que vem, com as modificações introduzidas na linha de montagem de São José dos Campos e a implantação do terceiro turno, pretendemos dobrar a produção. Folha - A GM pensa em alterar seus planos de investimentos no país? Hogan - Este ano vamos investir US$ 250 milhões. Mas se esse plano de estabilização der certo, e se o governo reduzir impostos, o setor automobilístico deve dobrar sua produção em três ou quatro anos. Se a indústria cresce, os investimentos da GM também crescem. Folha - Esse aumento de investimento começa quando? Hogan - Já no final deste ano. Provavelmente já estaremos investindo US$ 500 milhões em 95, por causa da construção de novas fábricas. Folha - Onde elas serão instaladas? Hogan - Estamos discutindo com autoridades de vários Estados –São Paulo, Rio, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina. Devemos definir o local da primeira fábrica em cinco ou seis meses. Folha - Que critérios a GM vai utilizar para escolher o melhor local para a nova fábrica? Hogan - Em primeiro lugar, a questão logística. Precisamos de fácil acesso para todo o país e também para o mercado externo. É preciso contar com boa infra-estrutura e mão-de-obra especializada na região. Os incentivos fiscais são importantes, mas não tanto como os três pontos anteriores. O que queremos são condições para estabelecer uma fábrica de tipo novo, o que chamamos de manufatura enxuta, onde parte da montagem já é feita fora da linha de montagem, pelos fornecedores de autopeças. Estamos desenvolvendo o projeto com base no que está sendo feito na Nummi, joint venture GM-Toyota, na Califórnia, a fábrica do Saturn, no Tennessee, e Eisenach, na Alemanha. Folha - Essas fábricas terão capacidade para fabricar quantos veículos? Hogan - Não posso falar sobre isso, porque acabaria revelando meus segredos para a concorrência. Folha - Em que fase está o projeto? Hogan - O layout está praticamente pronto. A construção deve durar 20 meses ou até menos. Folha - Qual é o faturamento previsto para 94? Hogan - Nosso faturamento em 93 foi de US$ 3,2 bilhões. Nosso objetivo é faturar US$ 3,5 bilhões em 94 e US$ 4 bilhões em 95. Folha - Quantos carros serão produzidos este ano? Hogan - O objetivo é chegar a 300 mil unidades. Para 95, deveremos crescer mais 10%. Mas para estabelecer uma liderança no mercado, que crescerá com a estabilização da economia, é preciso ter capacidade para produzir 500 mil veículos. Folha - A GM pretende, então, atingir a liderança do mercado em 1997, quando estiver fabricando 500 mil veículos? Hogan - Nosso objetivo é estar na liderança de vendas já no final de 95. É difícil fazer previsões por causa do crescimento do mercado, em especial do mercado de carros populares, mas temos chances de superar a Volkswagen nesse prazo. Folha - A GM pretende também entrar no mercado dos carros importados de forma mais agressiva? Hogan - Queremos fabricar veículos no país, não importar. Mas também vamos trazer de fora alguns carros para atender a nichos de mercado. Mas não este ano. Apenas em 95, quando deveremos importar cerca de 10 mil. Folha - Quais sãos os planos para exportação? Hogan - Queremos exportar 100 mil carros por ano a partir de 96, quando já tivermos as novas fábricas. Vamos exportar basicamente o Corsa, outros carros compactos e possivelmente caminhões e picapes. Esses carros serão vendidos principalmente para a América Latina, África do Sul e Ásia. Folha - A produtividade da GM brasileira é suficiente para aguentar a competição no mercado internacional? Hogan - Nossa produtividade atual é de 20 carros por empregado/ano. Mas o objetivo é atingir cem carros por empregado/ano nas novas fábricas. Folha - Como o sr. vê a presença dos veículos importados no mercado? Hogan - O governo precisa proteger a indústria instalada no país. É preciso exigir de quem quer importar, que também produza aqui no Brasil. Nos EUA, por exemplo, quando as importações de carros japoneses cresceram muito, o governo exigiu que essas empresas começassem a instalar suas fábricas no país. Folha - O sr. acaba de ser promovido à vice-presidência da General Motors, mas continua no comando da GM do Brasil. Quais serão as suas novas funções na empresa? Hogan - Essa promoção é o reconhecimento aos progressos feitos pela GM do Brasil. Não sei ainda quais são minhas novas responsabilidades. Vou falar com meus patrões sobre isso no final de semana. Próximo Texto: Vence hoje terceira parcela do IPVA; Feninjer movimenta US$ 25 milhões Índice |
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