São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994![]() |
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Peitos de Gal Costa emocionam multidões
MARCELO PAIVA
Quando eu vim para este mundo, não atinava em nada, pelo contrário, pouca história para contar, sexo envolvido em nenhuma delas. As paixões brilhavam nas noites, na ante-sala de sonhos profundos, ali, nos sonhos não sonhos, digo, pensamentos. Tesões não identificados por parentes e amizades não correspondidas. Uma ereção fora de hora, uma mão fora de lugar, e vai e vem, vai e vem, procurando controlar a respiração e o silêncio, para não dar motivo aos ouvidos da maldade alheia. Lembro-me, como se fosse hoje, de um sonho com Gal Costa, em que trançávamos pernas e ficávamos nisso por um tempo razoável. Quantas noites não dormi, a rolar pela cama, a sentir essa coisa que não podia explicar. Faço uma canção singela pra ela? Um anticomputador sentimental? Uma canção para gravar no disco voador? Não, escrevi uma carta, endereçada à gravadora Polygram: "Querida Gal. Tenho poucos anos, e muitos sonhos com você. São assim:..." Minha esperança era a música "Meu nome é Gal, e desejo me corresponder com um rapaz que seja o tal... que ele tenha defeito ou traga no peito crença ou tradição". Escrevi uma, duas, três cartas e não recebi resposta. Não era, então, um rapaz que era o tal. Gal era, é, muito mais musa que muitos pensam. Levas atenderam ao refrão "É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte". Nos seus shows, no canto do palco, um garoto se agarrava à guitarra como se agarrasse a uma metralhadora INA e dedilhava até sangrar as mãos; Lenny, o guitarrista, que provavelmente sumiu num disco voador. Gal, finalmente, abriu a camisa, e "mostrou sua cara". Então sou assim. Tomem, meu presente. Levem ele para seus sonhos não identificados. Gerald sabe que baiana não entra no samba para ficar parada e que deixa a mocidade louca. Texto Anterior: Garoto desafia grupo radical Próximo Texto: Flávia Maria Carneiro, 12 Índice |
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