São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994 |
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Pecuaristas seguram boi no pasto e preço aumenta 50% em 30 dias
SÉRGIO PRADO
As projeções mais otimistas do setor, no início do ano, apontavam para uma remuneração de US$ 19,50 à vista. "Ocorre que o pecuarista está vendendo apenas o necessário para pagar as contas", afirma Victor Abou Nehme, 35, vice-presidente do Sindicato dos Pecuaristas de Gado de Corte (Sindipec). Os criadores estão com receio de perder dinheiro em função do novo plano de estabilização econômica do governo. Por isso preferem deixar os animais gordos no pasto, enquanto não houver a implantação da Unidade Real de Valor (URV) nos contratos de venda à prazo. "Nosso setor possui um ciclo longo, de quase quatro (exceto quem cria novilho precoce), levando o pecuarista a ter medo de vender na hora errada" diz Cesário Ramalho da Silva, 49, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Ele lembra que durante todo o ano passado, os frigoríficos trabalharam com escala de no máximo cinco dias de estoque. Além disso, desde uma semana antes do anúncio do plano até agora os negócios praticamente cessaram, elevando os preços. Os representantes dos pecuaristas estão prevendo maior oferta ainda no mês de março. "Os preços devem se estabizar no mesmo patamar que se encontram hoje. Queda não acredito que ocorra", diz Ramalho da Silva. Nehme aponta ainda um motivo de médio prazo para a atual elevação dos preços. A previsão de maior consumo, em virtude de uma possível recuperação do poder aquisitivo, faz com que os pecuaristas vislumbrem a probabilidade de recuperar seus ganhos. "Nos últimos anos, o setor perdeu rentabilidade. Agora existe uma perspectiva melhor. É a velha lei da oferta e da demanda", diz. Este é também o período em que os confinadores começam a comprar estoques para engordar e vender no mês de outubro, quando a oferta de animais a campo diminui. Assim, os bezerros e bois magros passam a ter maior valorização, elevando ainda mais os preços do boi gordo. Na semana passada, a relação de troca boi gordo/magro chegou a 1,2. Para não perder dinheiro o pecuarista precisa trabalhar com uma relação acima de 1,6, como ocorreu em fevereiro passado. Texto Anterior: Safrinha de milho ganha espaço em SP Próximo Texto: Venda de máquinas agrícolas cresce 44% no primeiro bimestre Índice |
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