São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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PT decide investir em alianças nos Estados

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa do Datafolha que constatou o desempenho bisonho das candidaturas do partido a governos estaduais levou o PT a trocar a avaliação otimista sobre o quadro eleitoral pelo indisfarçável temor de que os fracassos regionais respinguem na candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. "Vamos assumir a ofensiva e ter uma discussão séria com algumas direções estaduais", afirmou Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT.
Por "discussão séria" entenda-se a tentativa de convencer alguns diretórios estaduais a desistirem de candidaturas próprias sem expressão eleitoral. Na lista inicial estão Rio Grande do Norte, Maranhão, Alagoas e Sergipe. "Precisamos construir frentes e estabelecer alianças", disse Carvalho. O secretário classificou como "muito provável" o apoio do PT a um candidato do PSDB na Bahia.
No caso baiano, trata-se também de uma tentativa de cooptar os tucanos daquele Estado à candidatura Lula. Waldir Pires e Jutahy Magalhães, os dois eventuais concorrentes do PSDB ao governo da Bahia, ameaçam romper com a candidatura de Fernando Henrique Cardoso se o ministro formalizar uma aliança com o PFL.
Lula também participou da reunião que decidiu, entre outras coisas, que os membros da cúpula nacional viajarão com mais frequência aos Estados para monitorarem a "política de alianças". Lula foi cauteloso ao comentar o fraco desempenho petista, mas mandou um recado a quem pretende "marcar posição" nas disputas estaduais. "O partido deve ter responsabilidade para ver em que lugares dá para lançar candidaturas', afirmou. "Mas o encontro nacional é que dará a palavra final sobre as alianças", acrescentou.
Antes de se reunir com um grupo de empresários, Lula participou do lançamento oficial do programa de governo que defenderá na campanha. O texto definitivo das propostas de Lula só sai no Encontro nacional do PT, que termina em 1º de maio. O candidato defendeu o tratamento "político" para a questão da dívida externa e a discriminalização do aborto. "Essa é uma questão de saúde pública e não podemos ser hipócritas', declarou.
Lula e a direção do PSB têm encontro hoje em Brasília para fechar a aliança para a eleição. O PT esperava, no último domingo, a definição do PPS por uma coligação, o que não ocorreu.

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