São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Regras para a emissão do real serão definidas em nova MP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem que uma nova MP (Medida Provisória) será baixada para estabelecer as regras de emissão do real, "para dar maior confiabilidade à nova moeda". A intenção é fixar em lei que o governo estará impedido de emitir moeda para, por exemplo, cobrir déficit de caixa do Tesouro, socorrer instituições financeiras em dificuldade e neutralizar o efeito do ingresso de moeda estrangeira.
O governo vai avisar com 30 dias de antecedência a data em que será lançado o real, disse ontem o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao governador de Pernambuco, Joaquim Francisco (PFL), confirmando o prazo já anunciado pelo presidente do Banco Central, Pedro Malan.
Gustavo Franco disse que o processo de conversibilidade do real será feito sem dolarizar a economia: "O espírito do plano não é dar livre curso à dolarização".
Gustavo Franco e o assessor especial Edmar Bacha participaram de um longo debate no Senado com o ex-ministro Mário Henrique Simonsen (Fazenda), e os economistas Maria da Conceição Tavares (colunista da Folha) e Paulo Nogueira Batista. Os três cobraram da equipe uma explicação sobre a "ancoragem que será usada para garantir a emissão do real".
"Inflação em real de 1% ao mês é uma barbaridade. O que precisamos saber é que tipo de ancoragem será usada para dar credibilidade à nova moeda", disse Simonsen.
Maria da Conceição Tavares sugeriu ao governo que recrie o CIP (Conselho Interministerial de Preços) para controlar os oligopólios. Tavares quer uma ação dura do Banco Central contra as instituições financeiras que vêm provocando elevação das taxas de juros. "Tem que mandar fazer uma blitz nesses bancos. Essa transição, se não for bem administrada, explode o país", disse. Simonsen acabou concordando sobre a necessidade de o governo ter algum tipo de controle sobre os preços.

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