São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Para ministro, perda salarial é 'lenga-lenga'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, chamou ontem de "lenga-lenga" a discussão sobre perdas salariais devido à conversão dos salários à URV (Unidade Real de Valor). "Se há alguma diferença, os empresários que acertem com os trabalhadores", disse, ao ser perguntado se aceitaria a proposta de reposição em quatro meses das perdas, formulada pela Comissão do Trabalho na Câmara.
"Não estamos congelando salários", disse FHC, afirmando que o governo não criará obstáculos para que os salários sejam livremente negociados entre patrões e empregados e nas câmaras setoriais. "O resto é lenga-lenga", atacou.
FHC ressalvou que não conhecia a proposta com detalhes e que o governo está aberto a negociações. Entretanto, disse não saber "que perdas são essas", e que "até agora todo mundo está ganhando com a URV". Pelo que a Folha apurou, a equipe econômica não está disposta a aceitar modificações nos dispositivos sobre salários da medida provisória que instituiu a URV.
"Não podemos aceitar medidas que contrariem o combate à inflação", disse FHC, ao responder sobre o assunto. Falando aos membros da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro disse estar feliz por não haver, até agora, sentenças judiciais contrárias às medidas do plano econômico. Ele disse que a Justiça do Trabalho em São Paulo havia decidido que não havia perdas salariais para os metalúrgicos do Estado.
Preços
Ao contrário do que tem acontecido em suas últimas declarações públicas, FHC evitou ontem fazer ataques aos chamados "aumentos abusivos de preços" por parte dos oligopólios –grandes empresas que dominam determinados segmentos da economia. O ministro limitou-se a dizer que havia conversado por telefone com assessores do presidente Itamar Franco sobre a proposta de uma nova legislação contra abusos do poder econômico.

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