São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Frigoríficos querem comprar em URV

DA REPORTAGEM LOCAL

A conversão dos preços em cruzeiros reais para URV (Unidade Real de Valor) já chegou no campo. A partir de amanhã, os frigoríficos estarão fazendo ofertas de compra de boi gordo em URV, segundo informou Hélio de Toledo, diretor do Sindifrio, sindicato que reúne a indústria do frio. A decisão foi tomada após reunião de lideranças do setor.
Para o Estado de São Paulo, a indústria vai ofertar 20 URVs pela arroba de boi gordo para pagamento em 20 dias. Esse resultado, segundo Toledo, tem como base a cotação de CR$ 20 mil da arroba, deflacionada pela taxa de 32% ao mês –o custo cobrado na Nota Promissória Rural– usada nas transações da pecuária, dividida pelo valor da URV de ontem.
Os representantes dos pecuaristas das principais regiões produtoras do estado também se reuniram ontem, em Araçatuba (SP), para tratar da transformação dos preços de cruzeiros reais para URV, mas ainda não tinham conhecimento da proposta dos frigoríficos.
Durante a reunião dos criadores, não se fechou um parâmetro de desconto para efetuar a conversão. Segundo Rezek Nametala Rezek, presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste, os pecuaristas formaram uma comissão que vai estudar o assunto nos próximos dias para formular uma proposta para indústria.
O varejo tem posição fechada quanto à adoção da URV. "Só vamos colocar os preços em URV quando toda a cadeia da carne estiver trabalhando com o novo indexador", diz Manoel Henrique de Farias, presidente do Sindicato dos Varejistas de Carnes Frescas do Estado de São Paulo.
Para os frigoríficos, a sua proposta vai fazer com que a negociação entre indústrias pecuaristas, ainda em marcha lenta, deslanche. "Os setores estariam se ajustando porque não querem repetir episódio do Cruzado quando o governo colocou helicópteros atrás do boi no pasto", diz Daniel Ribeiro Júnior, da Faesp.
A Associação Paulista de Avicultura (APA) está orientando seus associados a manterem os contratos em cruzeiros reais. Apesar disso, a entidade marcou para hoje, às 14h, uma reunião para debater a escrituração de notas fiscais e do faturamento das empresas.
Segundo o vice-presidente da APA, José Luiz Fioretto, a reunião deve definir se os registros serão feitos em URV ou cruzeiros reais. Ele acredita que, em princípio, não haja alterações, já que a legislação fixada pela Secretaria da Fazenda de São Paulo torna optativa a escrituração em URV.

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