São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Bósnia teme que acordo seja vetado por sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Bósnia, Haris Silajdzic, disse duvidar que os sérvios-bósnios venham a participar do acordo de paz acertado no fim-de-semana por representantes do governo (muçulmano) da ex-república iugoslava e dos croatas-bósnios. O acordo, que prevê a unificação dos territórios muçulmanos e croatas da Bósnia numa federação, deverá ser assinado em Washington na sexta-feira.
"'Não estou otimista quanto à participação dos sérvios nesse acordo, porque as lideranças deles não estão mostrando nenhuma disposição de juntar-se ao processo", disse Silajdzic. Segundo ele, o acordo prevê que a nova federação bósnia tenha um Parlamento bicameral, com um Conselho Nacional representando os partidos e uma Câmara com representação equitativa para cada grupo étnico. Presidente e vice serão sempre de grupos étnicos diferentes e trocarão de posição a cada ano.
O líder dos sérvios-bósnios, Radovan Karadzic, disse não ter "nada contra o acordo entre muçulmanos e croatas ou contra a mediação dos EUA, enquanto essa federação não tenha um caráter anti-sérvio".
O porta-voz da ONU, Joe Sills, rechaçou as críticas do chanceler francês, Alain Juppé, ao dispositivo de proteção às forças de paz na Bósnia. Depois de três dias de ataques sérvios a unidades francesas em Bihac, Juppé disse que "o problema está no atraso da reação e na vontade de agir". "Não aceitamos a crítica de falta de decisão", reagiu Sills, revelando que os procedimentos para acionar os aviões da Otan serão "reavaliados".
O general Michael Rose, chefe das forças da ONU na Bósnia, foi ontem a Tuzla, no primeiro avião a pousar na cidade muçulmana em quase dois anos. Os sérvios que sitiam Tuzla foram convencidos a permitir a reabertura do aeroporto para ajuda humanitária.

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