São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Outra história

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Cid Moreira, a voz do dono, a voz do Grande Irmão, a voz que surgiu com o AI-5, voltou-se contra si mesma. Foi um daqueles momentos que servem como símbolos, como instantâneos da história. Cid Moreira falou, e falou, e falou, contra Roberto Marinho. Foram três longos minutos, contra a Globo, no Jornal Nacional. O redator era Leonel Brizola, que ganhou direito de responder ao ataque que havia recebido do mesmo Jornal Nacional, que o chamou de senil.
"Tudo na Globo é tendencioso e manipulado", disse Cid Moreira.
"(A Globo tem uma) longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de vinte anos que dominou nosso país", disse Cid Moreira.
"A ira da Globo não tem relação com posições éticas: é apenas o temor de perder o negócio bilionário que é a transmissão do Carnaval", disse Cid Moreira. "Dinheiro, acima de tudo."
"Servis, gananciosos e interesseiros", disse Cid Moreira.
Parecia inacreditável que o poder da TV Globo –ainda capaz de vergar alguns dos principais candidatos a presidente– estivesse sendo vergado ele próprio. O Jornal Nacional ainda esboçou uma reação. Entrou em seguida anunciando que "o Rio de Janeiro atravessa uma nova onda de violência", usando como desculpa um sequestro do dia anterior. Não funcionou. Nada funcionaria.
Não contra um instantâneo da história, com Cid Moreira.
Infelizmente
Zélia deu as caras ontem, no Aqui Agora. Outra vez, para falar de um filho, ou melhor, uma filha. A novidade é que aproveitou para maldizer ter, ela própria, nascido no Brasil. Tratava do futuro do rebento.
"Eu espero que ela tenha o melhor. É difícil ter o melhor no Brasil que nós estamos vivendo. Infelizmente, é este o lugar onde eu... Eu sou brasileira, ela vai nascer aqui e temos que conviver com isso."
Passado
O antigo patrão de Zélia também andou aparecendo. Atacou o governo e provocou a reação irada de Itamar Franco. Não merecia. O âncora Boris Casoy fez o melhor e mais lacônico comentário possível, numa só frase: "Collor é uma página virada na história do Brasil."

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