São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Irma Vap já matou de rir mais de um milhão
DA REPORTAGEM LOCAL "O Mistério de Irma Vap", do norte-americano Charles Ludlam, é um dos maiores sucessos do teatro no Brasil: está há oito anos em cartaz e foi visto por um milhão de pessoas, em mais de mil espetáculos. A dupla Latorraca-Nanini passa uma hora e 45 minutos matando de rir o espectador.Ludlam construiu um mosaico de referências de filmes de terror e mistério, um pastiche que lembra "O Morro dos Ventos Uivantes", Sherlock Holmes, histórias de lobisomens, múmias e vampiros. O resultado: uma comédia arrasadora, onde a trama perde a importância frente à interpretação e a graça das falas. A montagem brasileira, que estreou no Rio em novembro de 1986 e em São Paulo em abril de 1988, dirigida por Marília Pera, "adaptou" o humor corrosivo do original, incluindo falas e referências que vão de Ulysses Guimarães (em 1988) a presidentes vários (nos outros anos). Latorraca e Nanini fazem oito personagens, quatro cada um, vivendo em um castelo inglês do fim do século passado, a mansão de Mandapicos. Lorde Edgard (Latorraca), viúvo, casou-se com lady Enid (Nanini). O lorde e a lady passam o tempo lembrando a falecida Irma Vap, cercados por seus serviçais. A dupla de protagonistas muda de roupa o tempo todo: são 57 trocas. Algumas delas duram segundos. O roteiro exige um contra-regra com lâmpada para que ninguém se perca e um camareiro sempre na hora certa, no lugar certo e com a roupa certa. Uma vez, Nanini, na pressa, entrou com um cabide pendurado na roupa. Aboliram-se os cabides. Ludlam criou um estilo e uma companhia, The Ridiculous Theatrical Company, de Nova York. Morreu em 1987. Seu teatro do ridículo fez escola. "O Médico e o Monstro" é um de seus descendentes. Texto Anterior: Médico-monstro dá folga a Irma Vap Próximo Texto: IDENTIDADES Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |