São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Vigilância estadual não confirma

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde ainda não confirmou a causa das mortes de São Vicente que estão sendo atribuídas ao cólera. Segundo Wagner Costa, diretor do CVE, as mortes foram inicialmente atribuídas à leptospirose.
Se forem confirmadas, serão as duas primeiras vítimas fatais do cólera no Estado de São Paulo este ano. Também serão os primeiros casos autóctones –adquiridos no local– em 94. Até agora o Estado confirmou dez doentes este ano, todos contaminados no Nordeste.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, existem três casos suspeitos em São Vicente e um em Cubatão, todos ligados à ingestão de frutos do mar.
"Não significa que as pessoas devam parar de comer peixe", disse Costa. "O importante é que sejam bem cozidos." Segundo ele, a água salgada é o hábitat preferido do vibrião, mas ele não sobrevive ao calor. O cuidado no manuseio dos alimentos é visto como a melhor forma de conter a doença que vem aumentando desde 91.
Naquele ano, dois casos foram registrados no Estado. Em 92 foram cinco, todos importados. No ano passado o CVE notificou 26 casos, 11 deles autóctones. Entre estes, três ocorreram em São Vicente, três em Campinas e os outros em São Paulo. Três pessoas morreram na capital.
"A tendência é de crescimento", disse Wagner Costa. No Brasil foram registrados 2.103 casos em 91, com 33 mortes. No ano seguinte, a doença atingiu 33.696 e matou 429. No ano passado o número de casos saltou para 59.212, com 944 mortes.
Segundo Costa, 90% das pessoas que se infectam com o vibrião não manifestam a doença, mas continuam a transmiti-la. "Isto dificulta muito o controle."
Só neste ano, 20.845 casos foram notificados, o que significa que mais de 200 mil pessoas estão ou estiveram infectadas. Em São Vicente, onde equipes médicas procuram outros doentes, dezenas de pessoas devem estar transmitindo o vibrião.(Aureliano Biancarelli)

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