São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994 |
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O Milan de Parreira e Zagalo
SÍLVIO LANCELLOTTI Por incrível que pareça, o quase tricampeonato italiano do Milan de Fabio Capello valoriza as teses defensivistas de Mário Zagalo e de Carlos Alberto Parreira. Embora, no papel, o Milan atue num 4-4-2, quando não joga o francês Papin a sua escalação não ostenta nenhum, eu repito, nenhum atacante natural. Longe de mim aqui pregar a retranca e perfilhar o estilo de Parreira e Zagalo. De todo modo, eis a verdade, na Itália predomina o futebol de resultados.Em 27 pelejas até agora, num total de 34, o Milan só anotou 31 tentos, a ridícula média de 1,15. Trata-se, apenas, do décimo ataque do campeonato, muito atrás, por exemplo, dos 50 gols da Sampdoria de Gênova, dos 45 da Juventus de Turim. Em compensação, o Milan só concedeu nove tentos, a média estupenda de 0,33, a melhor do planeta. A retaguarda da Juve sofreu 24. A da Samp, 32. No torneio de 1993/94, o estilo utilitário de Capello permitiu que o arqueiro Sebastiano Rossi batesse dois recordes de invencibilidade, mais de dez prélios de virgindade em cada um deles. O stopper Billy Costacurta e o líbero Franco Baresi não permitiram uma única "rete" de cabeça. O artilheiro da equipe é o curinga e amuleto Daniele Massaro, 33 anos, um meio-campista que já envergou todas as camisas do time –com exceção da número um. Desprezado por Arrigo Sacchi nos tempos do Milan à holandesa, sob Capello o esperto Massaro se transformou no salvador do placar. Participou de meros 1.500 minutos dos 2.430 disputados pelo Milan. E no entanto anotou nove tentos. Maravilha? Sim, dentro da Itália. Pois o sucesso interno do Milan não se transfere ao plano internacional. Ainda que a "Squadra Azzurra" exiba quase a bequeira integral do Milan, ainda que a seleção da Bota disponha de três armadores do Milan, ela não passa do 11º lugar do ranking da Fifa. Como modelo para a Copa, o Milan não representa padrão –mas, infelizmente, uma ilusão. Seu título, o primeiro tri da sua história, nasce de uma conjunção de fatos. O mercado de verão de 93 foi o pior em uma década. Além disso, equipes poderosas como a Juve e a Internazionale atravessam dolorosas crises de transição administrativa enquanto que outras, de tradição, como o Napoli e o Torino, praticamente entraram em falência. Menos do que o sistema de Capello, leva o Milan ao tri a fragilidade dos inimigos. Texto Anterior: Um jogo que virou história Próximo Texto: Renan pede para Palmeiras evitar a euforia em Suzano Índice |
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