São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Maluf comunica sua candidatura ao PPR

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf comunicou ontem à cúpula do PPR que será candidato à sucessão do presidente Itamar Franco. "Serei candidato, vou deixar a Prefeitura até o dia 30 e espero a ajuda de todos", afirmou durante reunião de três horas em sua casa, em São Paulo. Maluf tenta encerrar as pressões que sofre de amigos e familiares para não entrar na disputa presidencial.
No final do encontro, o senador Esperidião Amin (SC), presidente nacional do PPR, foi o encarregado de comunicar a decisão. "Estou convencido de que Maluf será o nosso candidato à Presidência", disse. Boa parte da reunião foi consumida por análises de pesquisas sobre a viabilidade eleitoral de Maluf e dos candidatos do PPR a governos estaduais.
Um dado enfatizado por Maluf foi a concentração de seus votos, nas pesquisas, nas faixas C, D e E da população, a fatia mais numerosa do eleitorado. O diagnóstico do PPR é que o ministro Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que seria o competidor direto de Maluf por uma vaga no segundo turno, terá imensas dificuldades de crescer entre os mais pobres.
Para os jornalistas, Maluf disse estar "inclinado" a deixar a Prefeitura paulistana. "Face ao segundo lugar nas pesquisas, mesmo sem fazer campanha, à administração do país e à situação de miséria da população, não podemos fugir à luta", afirmou.
Os malufistas que defendem a candidatura de seu líder aconselharam o prefeito a insistir que para derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é necessário um perfil claramente de confronto com o do petista, o que é o caso de FHC.
Amin, por exemplo, afirmou que "Maluf é de briga e a próxima eleição vai ser pesada". O deputado Delfim Netto (PPR-SP), um dos presentes à reunião, também defendeu o lançamento da candidatura de Maluf: "O partido que quiser ser grande tem que lançar candidato próprio à Presidência".
Delfim acha que existe espaço para o crescimento de Maluf em um "eleitorado disponível" que não aceita PT e do PSDB.
Maluf vai no início da próxima semana ao Rio Grande do Sul e à Brasília. Na capital do país, pode se encontrar com Jorge Bornhausen, presidente do PFL, para receber a já esperada comunicação sobre a adesão dos pefelistas ao candidato tucano. Oficialmente, o prefeito ainda não reconheceu que fracassou o entendimento com o PFL, mas já trabalha com a impossibilidade de contar, ao menos publicamente, com aquele partido.
Também participaram da reunião o senador Affonso Camargo (PR) E os deputados Roberto Campos (RJ), Francisco Dornelles (RJ) e Marcelino Machado (SP).

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