São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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"Emergência¨"

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

'Emergência'
Voltaram os velhos protagonistas das crises institucionais. O acinte dos 300 congressistas, ou 295, que elevaram os próprios salários fez reaparecerem as pressões militares. Começou no início da noite, no TJ Brasil, com o anúncio de que os ministros militares haviam acabado de pedir "uma audiência extraordinária conjunta" ao presidente Itamar Franco.
O tema da audiência seriam "os salários polêmicos do Legislativo e do Judiciário". Um tema sobre o qual os ministros da Marinha e do Exército, para não falar do ministro da Administração, já haviam adiantado suas opiniões, na televisão. O primeiro, no Jornal Bandeirantes, disse que "os deputados se responsabilizarão" pelas consequências da medida.
Mas foi mesmo o segundo, o ministro do Exército, quem falou grosso, numa entrevista "tumultuada", no TJ.
"É lamentável", disse o general Zenildo Lucena.
"Por que é lamentável?"
"Vocês viram o que é que ocorreu. Então concluam. É lamentável. Esperamos que o Senado mantenha o veto."
"Os salários pela média e os próprios congressistas aumentam os salários deles: isso deve deixar a população meio exaltada, o senhor não acha?"
"Eu creio que sim."
"E os militares também estão exaltados?"
"Estamos preocupados."
Preocupados é muito pouco, pela descrição que Alexandre Garcia apresentou da reunião, no Jornal Nacional:
"Desde as sete horas da noite o presidente da República está reunido com os ministros militares, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, o secretário de Assuntos Estratégicos, o ministro-chefe da Secretaria de Administração e mais sete ministros. Eles estão avaliando a situação criada pelo Supremo, ao dar mais um aumento ao Judiciário, e pela Câmara, ao dar aumento aos próprios salários. A reunião prossegue a portas fechadas, sem hora para terminar."

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