São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Bilhetagem automática

AYRTON CAMARGO E SILVA

A história mostra que os avanços obtidos com as inovações tecnológicas são sempre impositivos, não respeitando muito os prazos para se incorporarem ao dia-a-dia. Eles se impõem pela eficiência que promovem, às vezes de forma revolucionária. No passado, foi a chegada da eletricidade em substituição ao carvão e ao gás e, agora, o é com a microinformática.
Nos transportes públicos por ônibus, esse avanço se torna disponível e impositivo – com a adoção da fiscalização e da bilhetagem eletrônica. Diversas cidades no mundo e no Brasil, como Sorocaba, Ribeirão Preto, Porto Alegre e Recife, vêm adotando esses sistemas, que apontam para ganhos concretos de eficiência.
Como toda mudança gera algum tipo de temor, em São Paulo a bilhetagem automática já provoca debates, pela sua oportunidade ou não de adoção. O temor maior, do desemprego, é um fato real, mas que deve ser visto dentro de um quadro maior, que considere inclusive a grande rotatividade deste setor. A irresponsabilidade nesta questão parece ser a adoção da bilhetagem automática sem um plano responsável de realocação de cobradores em prazos compatíveis de implantação da nova tecnologia, sem esquecer de treinar os cobradores remanescentes para novas funções, que signifiquem inclusive crescimento profissional, afinal, não se pode condenar esses profissionais a serem eternamente "cobradores". Assim como não se pode aceitar evolução tecnológica às custas de miséria social.
A eliminação do cobrador deve diminuir em 25% os custos operacionais, gerando recursos extras, que poderão ser investidos na melhoria do sistema, sem que essa melhoria seja repassada à tarifa, ou seja, sem aumento tarifário.
O exemplo disso é o corredor de trólebus, onde a redução de custos obtida com a eliminação de cobrador propiciou a elevação do nível de serviço ofertado ao usuário, sem que isso significasse tarifas mais elevadas.
A bilhetagem automática também promoverá outros ganhos de eficiência, com a diminuição do tempo de embarque dos usuários, e, como decorrência, a redução do consumo de combustível, emissão de poluentes, ganhos esses que significam mais recursos disponíveis para investimento no setor.
Outro grande ganho será a possibilidade de adoção do bilhete único, aumentando a integração entre os diferentes meios de transporte na região metropolitana, fazendo com que o trabalhador ganhe tempo e dinheiro em suas viagens.

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