São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Indústria e supermercados mantêm queda-de- braço

DA REPORTAGEM LOCAL

Indústria e supermercados mantêm queda de braço
A queda de braço entre indústria e comércio continua. Os supermercados pleiteiam deflação de 48% nas tabelas de preços, enquanto seus fornecedores não deixam por mais de 40%. A maioria das propostas de redução giram na faixa dos 37%. Isso está atrasando elaboração das tabelas em URV.
O setor de limpeza promete sair com as novas tabelas a partir da semana que vem, mas os descontos não devem ultrapassar os 39%, afirma José João Armada Locoselli, presidente da Abipla (associação das indústrias do setor).
Nem mesmo a decisão do Confaz de tributar as vendas somente sobre o preço à vista altera a disposição do setor de alimentício de manter os deflatores na faixa dos 37%, avisa Ruy Rothschild de Souza, vice-presidente da Abia (entidade dos fabricantes de alimentos).
As indústrias alegam que seus fornecedores também não adotaram tabelas em URV. A guerra se estendeu até mesmo ao setor de hortigranjeiros. Em São Paulo, o Sindicato das Centrais de Abastecimento do Estado (Sincaesp) promete não adotar a conversão pela média dos quatro meses finais de 1993, como manda a medida provisória que criou a URV.
O presidente da entidade, Cláudio Ambrozio, afirma que a partir da próxima semana os preços serão transformados em URV pelo valor do dia e no total das notas fiscais (que podem incluir vários itens). Não haverá conversão de produto por produto, diz. Segundo Ambrozio, os produtores de hortigranjeiros já estão cobrando em URV e não aceitam a média como remuneração.
Os preços das passagem aéreas estarão entre 24,46% e 25% mais caros a partir de segunda-feira. Estes preços e de todo o setor de turismo somente serão convertidos em URV em abril.
Em reunião com o setor realizada ontem em São Paulo, o assessor especial para preços José Milton Dallari, propôs que os preços fossem convertidos em URV já na próxima segunda-feira mas segundo Michel Tuma Ness, presidente da Federação Nacional de Turismo, o governo acabou recuando segundo ele os preços do setor ainda estão defasados e a conversão já seria inviável.
A alta dos preços e a escassez de algumas mercadorias já se fizeram sentir em Ribeirão Preto. Segundo a pesquisa da Associação Comecial e Industrial de Ribeirão Preto (ACI), o reajuste dos preços da cesta de alimentos foi de 46,7% no período de 18 de fevereiro a 18 de março. "Esse é o maior aumento da cesta desde março de 90", afirma Antonio Vicente Golfeto, 51, economista da ACI.

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