São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Senado cria CPI para Whitewater

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Senado dos EUA resolveu por 98 votos a 0 (dois senadores não votaram) constituir comissão parlamentar de inquérito para investigar o caso Whitewater, que envolve o presidente Bill Clinton e a primeira-dama Hillary. Não foi definida a data em que a CPI vai começar seu trabalho.
Os senadores do Partido Democrata, do governo, que têm a maioria na casa, negociaram com os do Partido Republicano, de oposição, o texto do decreto legislativo que institui a CPI para que todos os detalhes de funcionamento possam ser acertados no futuro pelos líderes dos dois partidos.
O líder democrata, senador George Mitchell, achou que essa foi a melhor maneira de evitar que a CPI fosse formada para começar a trabalhar de imediato. Mitchell acha que quanto mais tarde a investigação parlamentar tiver início menor será o dano político para o presidente Clinton.
O líder republicano, Bob Dole, avaliou o resultado unânime da votação como uma vitória inesperada. A expectativa dele era de que a constituição da CPI do caso Whitewater iria ocorrer depois de intensas batalhas parlamentares no plenário do Senado.
Pouco antes da resolução do Senado, mais um assessor íntimo de Clinton, George Stephanopoulos, foi intimado pelo promotor especial do caso Whitewater, Robert Fiske, a prestar depoimento diante de júri federal em Washington sobre possíveis tentativas de obstrução da Justiça.
Quatro funcionários da Casa Branca já testemunharam diante do júri e outros três já haviam sido intimados antes. Todos participaram de reuniões com investigadores federais que trabalham no caso Whitewater. Há suspeitas de que esses encontros tenham sido ilegais.
O promotor especial pressionou o Senado até anteontem para impedir que a CPI fosse formada. Fiske acha que a investigação parlamentar pode atrapalhar a sua. O decreto legislativo aprovado por unanimidade assegura que a CPI não vai interferir com o trabalho de Fiske e proíbe a concessão de imunidades a testemunhas que se disponham a depor no Congresso.
Na Câmara, a oposição pretende aproveitar o trabalho da Comissão de Assuntos Bancários, que investiga impropriedades cometidas por bancos de poupança, para entrar no caso Whitewater na semana que vem. Dezenas de pessoas ligadas à falida financeira Madison Guaranty, que pertencia a James McDougal, ex-sócio dos Clintons na firma Whitewater, foram intimadas a depor.
Há discordância entre os deputados do Partido Democrata sobre como proceder nesse episódio. Os parlamentares mais ligados a Clinton estão aconselhando os intimados a não colaborarem com a Comissão de Assuntos Bancários. Os mais independentes dizem que os convocados não têm opção a não ser comparecerem e responderem a todas as perguntas. O Congresso norte-americano não tem poder legal para obrigar cidadãos a testemunharem em CPIs.

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