São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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O movimento da qualidade

DOROTHEA WERNECK
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil já é o segundo país do mundo na implantação de programas de qualidade
O movimento da qualidade no Brasil é hoje reconhecido pelos japoneses como o segundo maior no mundo. Não é ufanismo! É a opinião de um especialista da Juse (Associação dos Cientistas e Engenheiros do Japão).
A característica mais importante do caso brasileiro é a adesão de empresas de todos os setores (indústrias de transformação e de construção, comércio, serviços -inclusive o serviço público- e o setor agrícola). O movimento da qualidade está crescendo exatamente pela adesão cada vez maior das micro e pequenas empresas.
A busca da sobrevivência pelas empresas de maior porte começou ainda na década 70, especialmente para as empresas fornecedoras do programa nuclear, quando a exigência de garantia de qualidade dos equipamentos obrigou as empresas brasileiras a buscar tecnologia e gerência de padrão mundial.
Já na década de 80, encontramos exemplos de empresários de visão que perceberam mais cedo o processo de mudança que estava ocorrendo no mundo. E outros que procuravam garantir o mercado para exportação de seus produtos, produzindo-os de acordo com as exigências de certificação (que a partir de 1987 passaram a ser mais conhecidos com a divulgação da ISO-9000).
A crise da economia brasileira e a mudança de comportamento dos consumidores, cada vez mais exigentes, também levaram as empresas a buscar maior qualidade e produtividade. O interessante é que a partir do sucesso de algumas empresas, por efeito demonstração ou por concorrência, o número de adesões ao movimento multiplicou-se.
Para completar, ao buscar a garantia de qualidade dos produtos, passou-se a exigir a garantia de qualidade das peças, partes e componentes necessários no processo produtivo -e os fornecedores, empresas muitas vezes de menor porte, começaram também a mudar. Os mesmos desafios são, portanto, enfrentados por toda e qualquer empresa, independentemente de seu tamanho. É uma questão de sobrevivência.
O consumidor mais exigente quer produtos e serviços que atendam às suas expectativas. A possibilidade de comprar produtos importados e a legislação que protege o consumidor reforçaram essa tendência. E se a empresa quer de fato sobreviver, é preciso tomar ações preventivas -e é isso que a Qualidade Total preconiza.
Produzir um bem ou serviço com qualidade, com a entrega no prazo determinado, com o atendimento correto (inclusive na assistência pós-venda) ao menor custo (logo, menor preço), são as novas regras de mercado. Não basta mais "vender barato".
É nesse novo mundo que as micro e pequenas empresas precisam sobreviver e crescer. É necessário que elas formem parcerias com clientes e fornecedores, busquem a melhoria contínua e encontrem seu nicho no mercado para consolidar as centenas de milhares de pequenos empreendimentos que, todos sabem, formam a base da economia do país.
Imaginar as micro e pequenas empresas competitivas, eficientes, com maior qualidade e produtividade, é imaginar o Brasil de Primeiro Mundo, com o cidadão feliz por ter acesso a bens e serviços que o satisfazem.

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