São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Operação desagrada comerciantes e moradores

DA REPORTAGEM LOCAL

A blitz da PM e da Administração Regional de Pinheiros não deixou satisfeitos os moradores da Vila Madalena. Eles reclamam dos casais que transam nos carros e nas ruas, dos inevitáveis bêbados que urinam nas portas de suas residências e dos jovens indiscretos que fumam cigarros de maconha embaixo de suas janelas.
"Estou chegando em casa e vejo uma moto parada ao lado do portão da residência de minha mãe, uma senhora de 63 anos. Vou olhar o que está acontecendo e surpreendo um casal nu, transando no jardim da casa dela. O cara ainda disse que estava apenas 'levando um papo' com a menina" disse o comerciante E.B., 41. Ele não quis se identificar por temer represálias dos "arruaceiros".
Segundo o comerciante, essa cena aconteceu há um mês. Morando na rua Mourato Coelho desde que nasceu, ele disse que cada vez mais sente vontade de deixar o bairro por causa dos "vândalos" que não o deixam dormir tranquilo. "Eles fumam maconha e mijam no porta de casa." Para ele, a blitz da PM e da regional deveria continuar "com força" na madrugada.
Para o comerciante Nonato Lima, 41, dono do Snack's Bar, o "Sujinho", os frequentadores da Vila Madalena não são arruaceiros. "Eles só querem se divertir." Lima, que trabalha há 20 anos no bairro, apoiou a ação da PM e da regional contra as mesas nas calçadas e contra os camelôs que disputam com ele a venda de bebidas.
A ação da regional irritou os donos de restaurantes e bares que foram pegos com mesas nas calçadas. "A Secretaria das Administrações Regionais havia autorizado que as mesas ficassem nas calçadas. De repente, vem essa 'blitz de morro carioca', que confunde nossos fregueses com os frequentadores da rua", disse o comerciante Rubens Kignel, 43, dono do Aída, na rua Mourato Coelho.
O administrador regional de Pinheiro, Oswaldo Ramos Dominguez, 37, disse que o acordo entre a Prefeitura e os comerciantes permitiu que as mesas ficassem nas calçadas só até as 23h. "Nós já demos um tempo mais que suficiente para que eles se adaptassem e cumprissem a lei."(MG)

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