São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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CRONOLOGIA DA AIDS

SYLVIA COLOMBO
DO BANCO DE DADOS

1981 - Primeiro reconhecimento oficial da existência de uma nova doença, publicado no "Mortality and Morbidity Weekly Report", o diário oficial do Center of Disease Control, nos EUA. Sabe-se então que a doença ataca principalmente homossexuais, imigrantes haitianos e viciados em drogas injetáveis.

1982 - A doença é chamada pela imprensa de "câncer gay", "mal de homossexuais", "peste gay", "sarcoma de Kaposi". São divulgados casos com novas vítimas, dessa vez, pessoas submetidas a transfusões e hemofílicos. Nos EUA, a Fundação Nacional de Hemofilia recomenda que não sejam aceitas doações de sangue de homossexuais e haitianos. Médicos belgas levantam a hipótese do surgimento da Aids na África.

1983 - Em agosto, o Instituto Pasteur anuncia a identificação do vírus da Aids, batizado então de LAV. Segundo o cientista Luc Montaigner, chefe de pesquisa do Instituto, o vírus age sobre o funcionamento das células do sistema imunológico, alterando-o de maneira irreversível e deixando-o sem defesa contra enfermidades.
Em São Paulo, há oito casos confirmados da doença e cinco mortes até então.

1984 - O diretor do Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, Roberto Gallo, anuncia a descoberta do vírus HTLV-3 (Human T-Coll Leukemia Virus). Montaigner reivindica a descoberta.
A Aids surgiu na África. O macaco verde africano é o hospedeiro natural do vírus. Esta é a conclusão do trabalho do cientista Reinhard Kurth, da Alemanha Ocidental. Estudos realizados na África comprovam que considerável parte da população do Zaire possui o vírus, mas sem manifestação da Aids. Naquele continente, a doença é endêmica.

1985 - Em janeiro, Montaigner anuncia ter identificado a estrutura genética do vírus causador da Aids. A conclusão: o LAV tinha dois genes novos, jamais encontrados em outros vírus da mesma família. A doença se espalha pelo mundo. A revista "Time" divulga que a Aids está disseminada em 48 países.

1986 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) unifica mundialmente a denominação da doença: o vírus passa a ser chamado de HIV, formado pelas iniciais de "human immuno deficiency virus". O primeiro folheto da OMS sobre a doença estima que, nos próximos anos, 100 milhões de pessoas serão infectadas. Pela primeira vez, a Aids é tratada como uma nova pandemia –várias epidemias que ocorrem simultaneamente em diversas regiões do planeta.

1987 - A azidotimidina (AZT), droga desenvolvida nos anos 60 para tratamento de doentes com câncer, passa a ser utilizada em pacientes com Aids. O organismo humano, porém, cria resistência ao AZT em 6 a 18 meses.

1988 - 1º de dezembro - 1º Dia Mundial Contra a Aids
A descoberta da estrutura tridimensional do HIV facilita os estudos sobre a reprodução do vírus. Os cientistas do laboratório Merck, Shape & Dhone descobrem que o HIV tem três enzimas e isolam uma delas, a proteinase, responsável pela multiplicação do vírus da Aids no organismo.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde nos EUA anunciam resultados obtidos com uma nova droga para o tratamento da Aids, a Dideosynosine (ddI). A droga passa a ser usada quando o AZT deixa de fazer efeito.

1991 - O cientista norte-americano Robert Gallo admite que o Instituto Pasteur foi pioneiro na descoberta do vírus da Aids.

1993 - O Instituto Pasteur anuncia a descoberta da "porta de entrada" da doença na célula. O HIV penetra através de duas proteínas encontradas na superfície da célula, a
CD26 e a CD4.

1994 - A OMS divulga que 15 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV no mundo. Destas, 10 milhões estão na África. (Sylvia Colombo)

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