São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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"Esporte Espetacular" é o melhor do sábado à tarde

Agilidade, informação e ritmo esquentam esportivo global

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

Alô, você! Doa a quem doer, a melhor opção do desprezado horário televisivo de sábado à tarde é o "Esporte Espetacular". O programa, que ocupa o espaço entre 13h25 e 15h, dá de dez nos concorrentes.
A afirmação continuaria sendo um elogio mesmo se se desprezasse a concorrência na faixa. No atual estado de coisas, "Esporte Espetacular" compete com o "Programa Raul Gil", na Record; filmes de quinta no SBT; e "eventos esportivos" sortidos na Bandeirantes e Manchete –do gênero Campeonato de Futebol de Botão de Aspirantes da Vila Mandioquinha.
O "Esporte Espetacular" é apresentado por Milena Ceribelli e... Fernando Vanucci. Calma. Esqueça das participações do moço na transmissão do desfile das escolas de samba. Aqui ele funA dupla começa o programa lendo as manchetes em forma de versos rimados. É o prelúdio do tom do "EE" inteiro: textos soltos, muito recurso visual, imagens de primeira (Padrão Globo de Qualidade) e agilidade.
Tudo isso forma um mix bem-feito, que contenta os fanáticos pelo esporte –principalmente o futemaníacos. Nos telejornais diários, o futebol brasileiro é tratado de maneira análoga à pornografia: imagens do mesmo ato, imagens que só mostram "aquilo" –no caso, o gol– são repetidas à exaustão. Aqui, elas são melhor exploradas.
O "EE" não chega a ter o nervosismo do "MTV Sports". OK. Mas isso é justificável. O programa da emissora musical se restringe a "weird sports" (coisas improváveis como ski de meia-soquete na grama, skate em janelas de edifícios com mais de 10 andares e outras aberrações), enquanto a atração global tem que ser mais popular.
Assim, o quadro de abertura ("Loop") dá uma geral dos esportes consagrados através do mundo. Perfis bem-feitos se intm com a agenda da semana, além de um resumo mais alentado do que ocorreu nos últimos dias.
E Vanucci e Ceribelli não se furtam a gracinhas "de ator": no sábado retrasado, chamaram uma reportagem sobre natação vestidos como nadadores do começo do século prestes a saltar de um trampolim.
Até o clip esportivo, praga recente das TVs de esportes norte-americanas, tem vez no "Esporte Espetacular". No mesmo sábado, o T-Rex do rock Lou Reed embalou imagens muito bem editadas de motonáutica, por exemplo.
Prova de que a equipe jornalística tem conhecimento e está antenada com a causa jovem é a presença de esportes mais "radicais" na pauta do "EE". O skin board, conhecido nos anos 60 e 70 no Brasil como cebion ou madeirite, já ganhou reportagem interessante. E as notícias sobre surfe são embaladas com reggae, como manda a tribo.

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