São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 1994
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Pesquisa mostra estado de prédios escolares de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria das escolas públicas de São Paulo não tem condições de receber seus alunos. Esta é a conclusão de uma pesquisa feita por alunos e professores da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) em 27 escolas estaduais da região metropolitana de São Paulo (veja números abaixo).
A pesquisa acabou gerando a edição de um livro de 72 páginas, intitulado "O Desempenho dos Edifícios da Rede Estadual de Ensino –o Caso da Grande São Paulo". O livro está à venda na Seção de Publicações da FAU (r. do Lago, 876, Cidade Universitária) e custa CR$ 2.100,00.
Em uma das escolas analisadas pelo livro, a EEPG Lina da Costa Souto, em Itaquera (zona leste de São Paulo), as principais reclamações dos alunos estão relacionadas com o grande número de alunos par sala de aula. Embora o número máximo permitido pela Secretaria Estadual de Educação seja de 35 por turma, estudantes ouvidos pela Folha disseram que estudam em uma classe de 47 alunos. Eles reclamaram da falta de espaço –a sala é pequena– e da má conservação das carteiras.
Outra reclamação é a falta de água, que faz com que os bebedouros às vezes fiquem "a seco"."Outro dia faltou água por uma semana", contou um dos estudantes. A quadra onde os alunos fazem aula de educação física tem problemas. Ela é esburacada e fica em um matagal.
Na EEPSG Marina Cintra, no bairro da Consolação (região central), também estudada no livro, as coisas não são muito diferentes. As paredes são descascadas, com umidade aparente e várias carteiras estão abandonadas em um canto do pátio. Segundo uma professora da escola, que não quis se identificar, várias vezes a escola já pediu para que as carteiras quebradas fossem retiradas. "Isso virou um reduto de ratos e pode transmitir leptospirose", disse.
Outros problemas citados pela professora são o calor e o barulho. Algumas salas dão para a rua da Consolação, e por isso têm as janelas vedadas contra o barulho. Em compensação, o calor na sala fica insuportável.
A sujeira do banheiro é uma reclamação comum na maioria das escolas. Um aluno da Marina Cintra, que também não quis dizer o seu nome, faz cara feia quando aponta para o banheiro. "Aquilo ali é uma nojeira", diz.

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