São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 1994
Texto Anterior | Índice

El Salvador vai em massa às urnas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Houve comparecimento em massa às eleições gerais ontem em El Salvador, as primeiras depois de 60 anos de regimes autoritários e de uma guerra civil de 12 anos. Até as 20h de ontem, quando terminou a votação, não havia informações sobre índices de comparecimento ou sobre a necessidade ou não de um segundo turno, que acontece em 24 de abril se nenhuma das candidaturas obtiver mais de 50% dos votos.
Cerca de 2,3 milhões estavam inscritos para a eleição –a população total do país é de 5,5 milhões. Nas chamadas "eleições do século", serão escolhidos o presidente e o vice, 84 deputados para o Congresso, 262 prefeitos e 20 representates para o Parlamento Centro-Americano.
Houve problemas de organização em diversas seções eleitorais –algumas atrasaram até duas horas para abrir. Mas não há registros de violência. Pelo menos 74 mil pessoas, segundo o Supremo Tribunal Eleitoral, não puderam votar porque suas certidões de nascimento foram perdidas durante a guerra.
As principais candidaturas da eleição salvadorenha têm a mesma polarização da guerra civil, que deixou mais de 70 mil mortos. De um lado, a Aliança Republicana Nacionalista (Arena, conservadora), representada por Armando Calderón Sol, 45. É a candidatura do presidente Alfredo Cristiani.
O principal candidato da oposição é Ruben Zamora, 52, que disputa pela aliança de esquerda CD-FMLN (união entre a Convergência Democrática e a ex-guerrilha Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional).
Calderón Sol votou na seção da Feira Internacional, na capital, San Salvador. "Espero que não haja segundo turno" disse ele, acompanhado por dezenas de seguidores. Zamora também votou na capital. "Nosso balanço preliminar é positivo, o processo está em desenvolvimento de forma correta." Os dois candidatos se declararam vencedores.
"Pelas informações que temos, acreditamos que esteja sendo cumprida aquela frase de que esta é a 'eleição do século', um dia histórico para a nação", disse o diretor da missão de observadores internacionais da ONU, o colombiano Augusto Ramirez Ocampo. Cerca de 3.000 observadores acompanharam o processo eleitoral.
O ator porto-riquenho Raul Julia estava entre os observadores. No filme "Romero" ele intepretou o arcebispo Oscar Arnulfo Romero, assassinado por esquadrões da morte. Na próxima quinta-feira, a morte de Romero completa 14 anos.

Texto Anterior: Israel e OLP discutem proteção a palestinos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.