São Paulo, terça-feira, 22 de março de 1994 |
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Granja dá lugar a 30 prédios no RJ
DA SUCURSAL DO RIO Um mega-empreendimento imobiliário –com shopping center, supermercado e 30 prédios variando de três a 15 andares– está tirando o sono de ambientalistas de Itaipava, bucólico distrito da cidade imperial de Petrópolis, na região serrana do Rio. Eles criticam o superdimensionamento do projeto e temem o desmatamento de cobertura vegetal com espécies de Mata Atlântica existentes na área.Com área total de 417 mil m2, às margens da estrada União Indústria e dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) de Petrópolis, o projeto Granja Brasil está avaliado em US$ 60 milhões. O empreendedor, a Bauhaus Engenharia e Construções, espera atrair uma população fixa e de visitantes da ordem de 12 mil pessoas –infra-estrutura suficiente para abrigar quase que todos os atuais 13 mil habitantes de Itaipava. Oposição Diante da possibilidade de aprovação do projeto pelos órgãos competentes, entidades ambientalistas e moradores de Itaipava, como a atriz Norma Bengell, iniciaram campanha contra o empreendimento. "Isso é uma vergonha. Eles vão poluir esse paraíso com essa especulação imobiliária", afirma a atriz. O apresentador de TV Jô Soares e sua mulher, Flavinha, que têm casa na região, também se dizem indignados com o projeto. "É uma loucura, uma coisa inconcebível. Eles querem ganhar uma fortuna numa área que não é apropriada para isso", diz Jô. Os ambientalistas estão assustados com o que consideram crescimento desordenado que vem tomando conta do distrito nos últimos cinco anos. Em Itaipava não existe ainda legislação limitando o número do gabarito de prédios na região, pois o projeto de lei de Uso e Parcelamento do Solo de Petrópolis não foi ainda votado pela Câmara municipal. Tomando como base o aspecto ambiental, o SOS Piabanha (Associação de Proteção e Recuperação da Bacia do Rio Piabanha), o Mapa (Movimento Ambientalista de Petrópolis e Adjacências) e outras entidades deram entrada, sexta-feira passada, na Procuradoria de Justiça do Rio, com pedido de instauração de ação civil pública contra o projeto Granja Brasil. "Além do paredão de concreto que vai ser criado, aqui não há infra-estrutura urbana adequada para aguentar um projeto como esse", diz a presidente do SOS Piabanha, a arquiteta e artista plástica Vera Patury. O projeto está em análise final pela prefeitura, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente). Os ambientalistas temem pressões políticas para aprovação do projeto. A chefe da APA de Petrópolis, a bióloga Yara Valverde Pagani, critica o projeto. "Ele tem que ser reformulado. Alguns lotes e arruamentos estão localizados em áreas de preservação permanente e de Mata Atlântica." Ela afirma que, "de cara", o projeto tem uma infração: a Bauhaus apresentou, na Feema, o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) do projeto assinado, entre outros, pelo arquiteto Edison Musa –o mesmo que planejou o empreendimento. "Isto é ilegal". Próximo Texto: Bauhaus defende verticalização Índice |
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