São Paulo, terça-feira, 22 de março de 1994
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FHC avalia antecipação do anúncio do real

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, afirmou ontem que vai se reunir com a equipe econômica, hoje, com o objetivo de definir se haverá o anúncio antecipado da data de mudança do padrão monetário para o real. "Se for possível, vamos fazê-lo", disse. "Há uma demanda da sociedade para que anunciemos com antecipação a data e eu acho que isso seria bom, pois tranquilizaria a todos e deixaria a população preparada para o advento do real."
Membros da equipe econômica têm dito que o governo anunciaria a data da criação do real com pelo menos um mês de antecedência, para permitir que os contratos financeiros com prazo de 30 dias, prefixados, possam ser liquidados antes da nova moeda. O fato de o ministro avisar que irá começar a examinar concretamente o assunto a partir de hoje, sinaliza aos agentes econômicos que o anúncio da troca do cruzeiro real pelo real está mais próximo.
"O anúncio prévio deixaria a todos mais tranquilos", afirmou o ministro Fernando Henrique, ontem, depois de evento de transferência da posse da Ilha de Cardoso, localizada na região de Cananéia, para o governo de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes.
"No momento, estamos vendo até que ponto a sociedade absorve a URV, pois não queremos nada impositivo. A idéia foi difundida para que a sociedade acerte suas contas", disse Fernando Henrique. "Não há, portanto, qualquer vinculação com objetivos eleitoreiros para a divulgação da data do real."
Segundo FHC, o aumento da inflação verificado nesta fase de transição da URV para o real não trouxe surpresas. "O risco que havia era de hiperinflação", disse. "A inflação subiu devagarinho, como já vinha subindo, e nos afastamos da híper. Nunca dissemos que a fase da URV era para acabar com a inflação. Isso vai ocorrer quando vier o real, aí sim vamos liquidar com ela."
Enquanto não vem o real, o governo vai continuar esgrimindo argumentos contra os setores oligopolizados, responsabilizados pela puxadas nos preços. "Temos negociações duras com os oligopólios", disse. "As listas de empresas que mais aumentaram preços estão prontas, só que não serei eu quem vai divulgá-las", afirmou.

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