São Paulo, terça-feira, 22 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ballet da Ópera de Lyon estréia nova peça

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Ballet da Ópera de Lyon estréia hoje, no Teatro da Ópera de Lyon, o programa "An American Evening", que será apresentado no Brasil em 1995, durante turnê que o grupo deve realizar no país. "An American Evening" reúne criações de três dos mais expressivos coreógrafos da chamada "new dance" norte-americana: Bill T. Jones, Stephen Petronio e Susan Marshall.
Em setembro do ano passado, o Ballet de Lyon se apresentou em várias capitais brasileiras, com grande sucesso. Uma das melhores companhias européias do momento, é dirigido pelo grego Yorgos Loukos. Convidando coreógrafos de diferentes origens e tendências para coreografar para o Lyon, Loukos elevou o grupo à estatura do Ballet da Ópera de Paris.
No espetáculo que estréia nesta noite, Loukos procurou enfocar a nova dança americana, também denominada "next wave", que sucedeu ao pós-modernismo lançado nos anos 60. "Hoje não há um movimento único, mas diferentes tendências. 'An American Evening' traduz este momento, pois reúne coreógrafos da mesma geração mas que trabalham em direções diversas", diz Stephen Petronio, que deve se apresentar com seu grupo em São Paulo, em junho próximo.
"Somos produto da experimentação dos últimos 20 anos", comenta Bill T. Jones, que também foi convidado para dançar no Brasil neste ano, mas em razão da agenda lotada adiou sua vinda para 1995. "Eu, Petronio e Susan temos em comum a rejeição às idéias da vanguarda dos anos 70. No decorrer dos 80, nós buscamos um caminho em que os sentimentos vinham antes das formas puras de movimento", acrescenta Jones, referindo-se ao formalismo abstrato que marca pós-modernos como Lucinda Childs.
A coreografia criada por Bil T. Jones para "An American Evening" chama-se "I Want to Cross Over", com música gospel cantada por Liz McComb. O cenário, de Donald Baechler, se compõe de pedaços de um barco, uma pequena casa e um tubo de chaminé. "É uma obra que fala de fé e eu espero que possibilite ao público uma compreensão direta do gospel, uma música de palavras simples e profundas."
Negro e portador do vírus da Aids, Bill T. Jones é uma das expressões mais poderosas da dança contemporânea. Agora, além de dirigir seu grupo sediado em Nova York, ele também vai atuar como coreógrafo-residente do Ballet da Ópera de Lyon, que acaba de nomeá-lo para o cargo, antes ocupado por Maguy Marin.
Ex-bailarino do grupo de Trisha Brown, Stephen Petronio é outra estrela do momento. Para "An American Evening" ele criou "Extra Veinous", cujo título significa o contrário de "intravenoso". A coreografia de Susan Marshall que o Ballet de Lyon dança hoje chama-se "Central Figure", com música de Philip Glass. "Inspira-se no mais antigo e melhor bailarino de minha companhia, que morreu no último verão", ela diz.

Texto Anterior: Spin Doctors perde o ponto em novo disco
Próximo Texto: Espólio de Noêmia Mourão está em leilão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.