São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994 |
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Walter Lantz morre em Los Angeles aos 93
RUY CASTRO
Seu personagem mais famoso, Pica-Pau (188 desenhos entre 1940 e 1972), era também um dos mais anárquicos e perversos do gênero. Seu bico, usado como britadeira, varava sequóias, destruía casas inteiras e furava carecas e narizes. Pode-se dizer que Pica-Pau era um cruzamento de patolino com Harpo Marx, sendo que a peruca vermelha de Harpo também influenciou o seu visual. Uma das características de Pica-Pau era o fato de ele não ter uma virtude que o redimisse –todas as suas maldades eram gratuitas–, e talvez tenha sido esse o motivo de sua enorme popularidade entre as crianças. Andy Panda e Willy No começo, Lantz não era assim. Seus primeiros personagens nos anos 30 e 40, como o coelho Oswaldo, o ursinho Andy Panda e Willy, um pingim friorento, eram do tipo boa gente. Pode ter sido o que os condenou à extinção. Mais típicos de seu estilo eram Pego e Nego (pronuncie com "ê"), duas gralhas maravilhosamente cínicas e sádicas que estiveram na moda nos anos 50. Lantz devia ser parecido na vida real. Lembra-se da insuportável risada do Pica-Pau ("Hô-hô-hô-hô-ô, hô-hô-hô-hô-ô")? O primeiro dublador a fazê-la foi Mel Blanc, que também fazia as vozes de Pernalonga, Frajola, Piu-Piu e do próprio Patolino em outros estúdios. Talvez porque Blanc estivesse sempre muito ocupado, Lantz não teve dúvida: nos últimos 20 anos de existência do Pica-Pau, ele escalou sua própria mulher, a atriz Grace Stafford, para fazer a risada do bicho. Texto Anterior: Folha promove mostra de filmes nacionais Próximo Texto: Terzopoulos monta 'Os Persas' no Sesc Índice |
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