São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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FHC alega sigilo e não explica dívida

Senadores não fazem pressão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, alegou necessidade de sigilo para não explicar aos senadores o custo para o país de fechar o acordo da dívida externa com os bancos credores.
Ele foi convocado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e conversou ontem com os senadores, que aceitaram os argumentos.
A falta do aval do FMI fez com que o Brasil comprasse as garantias para o acordo junto ao mercado financeiro, em vez de comprar títulos diretamente do Tesouro norte-americano.
Até anteontem, a comissão ameaçava submeter o acordo a nova votação, porque o governo fez compras de títulos norte-americanos no mercado internacional –operação que teria custo adicional de pelo menos US$ 60 milhões, segundo técnicos legislativos.
Assessorado pelo presidente do Banco Central, Pedro Malan, FHC reafirmou que as operações de compra de títulos para garantia do acordo, chamados de bônus de cupom-zero, não serão reveladas até 15 de abril, quando será concluída a renegociação da dívida.
O argumento é que as informações poderiam afetar a cotação dos bônus, implicando mais gastos das reservas cambiais. Sem dados para confrontar FHC, os senadores da comissão não quiseram arcar com o ônus de impor dificuldades à renegociação da dívida.
O ministro disse que o governo não obteve um acordo formal com o FMI porque não quis adiantar ao Fundo a data de criação do real. Sem essa definição, explicou, não foi possível estabelecer metas que serviriam de base para o acordo.
Segundo FHC, a compra antecipada dos papéis no mercado foi sugerida por Malan no ano passado. Malan negou que o governo já trabalhasse previamente com a impossibilidade de um acordo com o FMI.
"Seria como imaginar que a equipe é onisciente e onipotente para prever o desfecho de uma negociação. A compra preventiva dos bônus faz todo o sentido do ponto de vista econômico e financeiro", disse.

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