São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994![]() |
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Emissoras respondem a acusações Globo diz que exibiu imagens 'por acidente' e SBT não fala ARMANDO ANTENORE
Lustosa pondera que, com a câmera indiscreta, a Globo não pretende constranger ou ridicularizar ninguém. "Só queremos divertir. Quem recorrer à Justiça terá trabalho para provar que sofreu prejuízos morais ou materiais em função de brincadeiras tão inocentes." O SBT prefere o silêncio e não se pronuncia sobre os processos. "Estamos cuidando dos casos. Mas não iremos comentá-los por enquanto", afirma Ademar Dutra, gerente de divulgação da emissora. Divergências Fora das redes de televisão, as ações judiciais despertam controvérsias. "O bem mais absoluto de uma pessoa é a própria imagem. Quando as emissoras ofendem tal imagem, as vítimas podem não apenas exigir indenização por perda moral e/ou patrimonial como tentar impedir a transmissão das cenas que considerem danosas", argumenta a advogada Maria Luiza de Saboia Campos, especialista em direitos da personalidade. "É um exagero entrar na Justiça por causa de brincadeiras que só trazem consequências pitorescas, prosaicas. Há o perigo de se abrir precedentes para a censura de programas inteiros", contrapõe o advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo, que atua nas áreas cível e comercial. Ele diz que, em casos mais sérios, quando as emissoras expõem de modo sensacionalista a intimidade alheia, a vítima pode pleitear reparação financeira. "Caberá à Justiça decidir se realmente houve sensacionalismo. Para tanto, precisará levar em conta as características do público que a rede de televisão desejava atingir e os motivos que a fizeram veicular as cenas." Mac Dowell defende que, em nenhuma hipótese, deve-se impedir a transmissão das imagens. "Se a Justiça o fizer, trata-se de censura. E a Constituição proíbe qualquer tipo de censura." O advogado criminalista Marcio Thomaz Bastos também acha que não se pode barrar judicialmente a exibição das cenas. "Quanto às ações de indenização, é difícil dizer se têm fundamento sem analisar caso por caso. O tema me parece delicado porque coloca em choque dois valores constitucionais igualmente importantes: o direito do queixoso à própria imagem e o direito da emissora à livre expressão."(AA) Texto Anterior: 'Topa Tudo' arranha imagem de advogado Próximo Texto: Acidentado se diz vítima de sensacionalismo Índice |
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