São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Doberman se torna assassina em telejornal

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Arieta, uma doberman de sete anos, é o xodó da família Rodrigues. Em junho de 93, o repórter Celso Russomano, do telejornal "Aqui Agora", recebeu a denúncia de que a cadela se metera numa briga e acabara matando a gata siamesa de Patrícia Maria Andrade Fontes. A própria dona do felino fizera a acusação.
Russomano e uma equipe do SBT se dirigiram à casa dos Rodrigues, em São Bernardo do Campo (SP). Assim que chegou, o repórter procurou a comerciante Rozilene Mary Alves Rodrigues, 43. Ligou a câmera, comunicou a denúncia e disse que Patrícia Andrade exigia indenização da família pela perda da gata.
Rozilene conhece Patrícia há anos. Ambas moram no mesmo bairro. "A acusação é injusta", afirmava a comerciante. Russomano não acreditou e continuou sustentando a denúncia, mas não colocou a reportagem no ar.
O jornalista retornou à casa dos Rodrigues em julho do mesmo ano. Queria saber se a família já pagara a indenização. Novamente, não deu ouvidos para as explicações de Rozilene. Só que, desta vez, o "Aqui Agora" mostrou a reportagem.
Um mês depois, o Juizado Especial de Pequenas Causas, na rua Vergueiro, zona sul de São Paulo, concluiu que o doberman dos Rodrigues não atacara a gata de Patrícia. Quando o felino morreu, a cadela estava em outro bairro, com uma amiga de Rozilene.
"O SBT não pode imaginar o mal que nos fez", diz Aldo de Paiva Rodrigues, 43, marido da comerciante. "Por causa da reportagem, os vizinhos nos trataram mal e o movimento de nosso comércio caiu. Meus dois filhos não aguentaram as gozações na escola e acabaram repetindo de ano."
Em dezembro de 93, Aldo e Rozilene entraram com processos contra o SBT no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo. A família quer indenização de US$ 1 milhão. (AA)

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