São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Multidão homenageia o político morto

MURILO KUSCHICK
ESPECIAL PARA A FOLHA, DA CIDADE DO MÉXICO

O corpo de Luis Donaldo Colosio, assassinado anteontem, chegou à Cidade do México na madrugada de ontem. Mas, desde a noite de anteontem, houve nas instalações do partido um enorme desfile de políticos e personalidades, que, junto com moradores da capital, esperavam com ansiedade para se despedir de Colosio.
Já de manhã, na sede do partido, em volta das bancas de jornais, todos buscavam alguma notícia que pudesse esclarecer as causas do crime.
O presidente mexicano, Carlos Salinas de Gortari, chegou à sede acompanhado por membros do seu gabinete e pelos mais importantes assessores. O chefe da campanha de Colosio, Ernesto Zedillo de Leon, foi um dos primeiros a chegar. Para evitar tumultos por causa do grande número de pessoas presentes na sede do PRI, o tempo de permanência junto ao corpo foi limitado a três minutos.
Às 12h, o corpo foi levado a uma funerária, onde a viúva, Diana Laura Riojas, recebeu os pêsames. Colosio deixou dois filhos pequenos: Luis Donaldo, 8, e Mariana, 1.
Celebrou-se uma missa de corpo presente. O corpo será cremado no cemitério Panteon de Dolores, zona leste da Cidade do México. Lá, frequentemente há tumultos em enterros de pessoas famosas.
As cinzas de Luis Donaldo Colosio serão levadas a seu povoado natal, Magdalena, no Estado de Sonora.
O presidente Salinas decretou dia de luto nacional e fez um pronunciamento em rede de rádio e televisão.
Os bancos estão fechados e os rumores sobre os motivos do atentado enchem as ruas; velas acesas iluminam fotos do candidato morto em todas as partes; os táxis levam adesivos elogiando Colosio; escutam-se versões dos acontecimentos e esperam-se reações na Bolsa de Valores, também hoje fechada, assim como uma desvalorização do peso.
A campanha política de Luis Donaldo Colosio tinha sido até agora muito cheia de acidentes e ainda não arrancava satisfatoriamente, faltando pouco menos de cinco meses para as eleições de 21 de agosto.
Houve uma disputa interna com o chanceler Manuel Camacho Solís pelo apoio do presidente Carlos Salinas de Gortari. Ontem, militantes pró-Colosio vaiaram Camacho quando este apareceu no velório do rival.

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